A história da Petrobras, que completa 70 anos em outubro próximo, está ligada umbilicalmente ao Estado do Rio de Janeiro. Ao ser criada pelo então presidente Getúlio Vargas, a estatal fincou sua sede no centro da capital. E, assim, desde 1953, a companhia vem crescendo junto com o desenvolvimento dos municípios fluminenses, em uma jornada que inclui as primeiras descobertas de petróleo na Bacia de Campos na década de 1980 até o pré-sal no início do Século XXI com a exploração das novas reservas a centenas de quilômetros de distância da costa em águas ultraprofundas.
Agora, de olho nas próximas décadas, a Petrobras prepara uma nova fase de crescimento, tendo o Rio novamente como um dos atores principais em seu plano estratégico. A primeira delas diz respeito ao futuro de seu endereço na Avenida Chile, o edifício-sede da estatal, o Edise, construído entre 1969 e 1974. Fechado para reforma desde 2021, a intenção da companhia é que volte a ser ocupado com cerca de 6,4 mil estações de trabalho após a revitalização que inclui integração ao circuito turístico da cidade, possibilitando que os pedestres façam o trajeto do bondinho de Santa Teresa à Catedral Metropolitana passando por dentro da área do prédio, com espaços de exposições e cafeteria.
O projeto ilustra o novo momento da relação entre Petrobras e Rio de Janeiro. Desde a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder novamente, em janeiro de 2023, a companhia, agora sob a gestão de Jean Paul Prates, já está trabalhando em um novo plano de negócios. Especialista no setor de óleo e gás e um apaixonado pela cidade, Prates celebra a importância do Rio para a estatal. Em entrevista à revista Rio Já, Prates lembra que a parceria entre o Rio de Janeiro e a empresa faz parte da memória afetiva dos cidadãos fluminenses.
– Nascemos aqui, em 1953, e essa parceria vai continuar se renovando e apontando para um futuro cheio de novas oportunidades e de crescimento. O estado abriga hoje os principais ativos da Petrobras e responde por cerca de 80% da produção nacional de petróleo e gás, além de concentrar a maior fatia dos campos do pré-sal. Apesar de reforçarmos sempre a importância de capilarizar nossas atividades aproveitando os potenciais locais Brasil afora, mantemos nosso compromisso de seguir contribuindo para a economia do Estado, impulsionando a geração de empregos, renda e tributos, com efeito multiplicador para a sociedade – diz Prates.
Ele lembra ainda que o Plano Estratégico da empresa para os anos de 2023 a 2027 indica que cerca de três quartos dos investimentos serão destinados a projetos no Estado do Rio. Em números, isso representa quase US$ 60 bilhões. Ele lista algumas das iniciativas mais importantes:
– O plano de renovação da Bacia de Campos prevê aplicar US$ 18 bilhões na região nos próximos anos. A Refinaria Duque de Caxias (Reduc) é a terceira maior do Brasil e segue se modernizando para atender a um mercado cada vez mais competitivo. A tecnologia desenvolvida pela Petrobras em seu Centro de Pesquisas (Cenpes), na Ilha do Fundão, faz da Petrobras a empresa que mais deposita patentes em território nacional – afirma Prates.
Mas a companhia também quer ir além dos campos de petróleo. Uma das bandeiras de Prates e do novo governo petista é o desenvolvimento de uma nova agenda verde. Para isso, primeiro, Prates nomeou Maurício Tolmasquim como o primeiro diretor executivo de Transição Energética e Sustentabilidade da história da estatal. Além disso, também remodelou todas as outras cadeiras da empresa com foco na transição energética. Para isso, acabou com a área de refino e criou a pasta de Processos Industriais e Produtos; e a de Logística, Comercialização e Mercados. E isso deve se refletir em investimentos inéditos no Rio.
– Está em fase de estudos a implantação de um projeto piloto de hub de captura e armazenamento geológico de gás carbono (CO2) no terminal de Cabiúnas, no norte do Estado do Rio. E no segmento de eólica offshore (energia gerada pelo vento em alto-mar) estamos avaliando a viabilidade de sete projetos na costa brasileira, inclusive no litoral do Rio de Janeiro – exemplifica Prates.
Além das energias renováveis e de soluções para reduzir a emissão de gases poluentes causadores do efeito estufa, a Petrobras também prepara mais iniciativas com foco no desenvolvimento…
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