Barcelona, Espanha — Os investidores começam a semana sob expectativa pela inflação norte-americana na quinta-feira, após dados mais fracos do mercado de trabalho. A escalada da guerra no Mar Negro é monitorada por seu efeito sobre preços de grãos e o mercado avalia o sentimento dos investidores em relação aos títulos dos Estados Unidos e o rali observado no mercado de dívida alemã após anúncio inesperado do governo.
Os futuros de índices dos EUA registravam alta e as bolsas europeias recuavam. Na Ásia, o fechamento também foi misto, com ganhos para o índice japonês Nikkei.
Na Europa, se destaca o mercado de títulos alemães. As notas de dois anos subiram até seis pontos-base em resposta ao anúncio do Bundesbank, na sexta-feira, de que deixará de pagar juros sobre depósitos do governo doméstico. O movimento pegou os operadores desprevenidos e alimentou a especulação de que mais dinheiro fluirá para títulos de maior rendimento.
Michael Wilson, do Morgan Stanley, avalia que há sinais de alerta no mercado de ações dos EUA. Segundo ele, o rebaixamento da dívida do governo dos EUA pela Fitch Ratings e a subsequente liquidação no mercado de títulos sugerem que “os investidores devem estar prontos para uma potencial decepção” com o crescimento econômico e com os lucros.
A petroleira inglesa BP Plc (BP) está considerando construir dois parques eólicos offshore no Mar da Irlanda no final do próximo ano sem apoio do governo, setor que vem sendo afetado pelo aumento dos custos, como vem notando a Siemens Energy.
Os operadores ainda estão assimilando também as previsões frustrantes da Apple (AAPL) e o otimismo projetado pela Amazon (AMZN) depois do fechamento do último pregão, antes de importantes balanços nesta semana como o do Softbank.
No mercado de dívida, o rendimento do título norte-americano para 10 anos subia para 4,096% às 6:14 (horário de Brasília). Entre as divisas, a libra e o euro se depreciavam em relação ao dólar.
Em outros mercados, os contratos de petróleo WTI recuavam, assim como o ouro e o bitcoin.
→ O que move os mercados hoje
💰 Dividendos gigantes. Assim como outras petroleiras internacionais – e diferente da última cartada da Petrobras, a Saudi Aramco, maior exportadora de petróleo do mundo, resolveu aumentar o pagamento de dividendos a seus acionistas, para US$29,4 bilhões, bem acima dos US$18,8 bilhões pagos um ano antes, mesmo tendo obtido lucro operacional menor no último trimestre (US$57 bilhões).
🔜 De volta ao lucro? Após cinco trimestres seguidos de prejuízo, os investidores esperam que o Softbank apresente lucro de 73 bilhões de ienes amanhã, após acumular perdas de 6,9 trilhões de ienes em seu Vision Fund. Todos os olhos estarão nesse resultado para medir o entusiasmo em relação à onda de inteligência artificial (IA).
🌬️ Ventos contrários. A Siemens Energy revisará sua estratégia frente ao setor de geração eólica tendo em vista o alto custo com problemas de turbinas, sobretudo na Espanha, que deve quadruplicar o prejuízo anual da empresa para €4,5 bilhões. No trimestre encerrado em junho, o prejuízo cresceu cinco vezes, para €2,93 bilhões, e a estimativa para despesas com reparação é de €1,6 bilhões, que impactarão os próximos dois anos fiscais.
🌾 Risco no Mar Negro. Os preços do trigo voltaram a subir mais de 3% ante a escalada da guerra na Ucrânia, que atacou navios russos no Mar Negro com drones marítimos neste fim de semana. O ataque desperta temores sobre pressão inflacionária que poderia vir de um problema de abastecimento de grãos, uma vez que a Rússia é um grande exportador de trigo.
⬆️ Abertura para chips. Enquanto isso, a fabricante chinesa de semicondutores Hua Hon levantou US$2,96 bilhões com sua estreia na bolsa de Xangai, além de ser a operação de novas ações neste ano na região Ásia-Pacífico, o IPO representa um reaquecimento do setor na China, afetado pelos bloqueios dos EUA.
📅 Recessão para 2024? Cerca de dois terços dos investidores acreditam que os EUA enfrentarão uma recessão antes do final de 2024, o que justifica uma reflexão sobre a atual evolução do mercado de ações e favorece a demanda por títulos de longo prazo do Tesouro dos EUA. Outros 20% dos 410 entrevistados da pesquisa Market Pulse, da Bloomberg, esperam uma retração ainda em 2023.
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