Com a redução de 0,5 ponto porcentual anunciada na última quarta-feira (1º), que levou a Selic para 12,25% ao ano, o mercado se dividiu sobre a expectativa em relação à quantidade e à magnitude de novos cortes na taxa básica de juros que vão acontecer nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
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O mercado passou a precificar uma taxa terminal mais alta, próxima dos 10,70%, com o ciclo de cortes terminando no final do primeiro semestre. Muitos agentes, por outro lado, acreditam que o BC poderá reduzir mais e com o ciclo de baixa seguindo pelo segundo semestre de 2024. “Cenário que depende dos dados de atividade, inflação e dos juros nos Estados Unidos“, argumenta Chirstopher Galvão, analista da Nord Research.
Parte do mercado projeta três novos cortes (em dezembro, janeiro e março), com a mesma magnitude desta reunião de novembro, de 50 pontos-base (0,50%), e mais uma de 25 pontos-base (0,25%), encerrando o ciclo de baixa em 10,50%. Outra parte acredita em quatro cortes de 50 pontos-base – o equivalente a 0,5% – e um de 25 pontos-base, com o ciclo se encerrando em 10%. Há ainda quem aposte em 9,75% até o final do ano que vem.
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Luciano Costa, economista chefe da Monte Bravo Corretora, é um dos profissionais do mercado que ficou mais cauteloso depois das últimas notícias. “A gente trabalha com Selic terminal de 10% após a discussão de mudança de meta ter entrado na pauta”, diz Costa.
O economista refere-se às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no último dia 27 de outubro afirmou não ter intenções de cumprir a própria meta de déficit zero para 2024 negociada pelo seu governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também não ajudou na leitura ao se recusar a dar uma resposta mais enfática sobre o compromisso do governo com o déficit zero.
Visão mais conservadora
“Alterou-se o plano de voo do Banco Central e a visão mais conservadora vem se mostrando a mais acertada”, diz o economista chefe da Ágora, Dalton Gardiman. Para ele o Copom ainda deverá vir com mais quatro cortes de 50 pontos até chegar ao final do ciclo de corte de juros, numa base de 10,25% ao ano.
Independente do peso atribuído às falas do presidente no resultado final dos juros, os agentes do mercado trabalham com a manutenção dos cortes, dada a dinâmica inflacionária do País, que continua apresentando sinais de melhora.
“Mesmo com um cenário de atividade forte, emprego forte, os indicadores de inflação têm dado o espaço para que o Banco Central possa continuar com a política de afrouxamento”, diz Ricardo Jorge, sócio da casa de análise Quantzed. Para ele, a volatilidade das últimas semanas não deverá ser suficiente para mudar a postura do Banco Central, pelo menos até o final deste ano. “Os dados permanecem dando suporte para o BC seguir com a mesma política sem alterações”, avalia.
Gustavo Sung, economista chefe da Suno Research, explica que o ambiente benigno para o corte de juros vem de alguns meses. “Quando olhamos a composição, temos núcleos desacelerando, como nos preços de serviços, e temos alguns indicativos de desaceleração de atividade econômica, além do arrefecimento do mercado de crédito”, diz.
Veja agora a análise de alguns profissionais de casas de research e corretoras ouvidos pelo E-investidor:
Luan Alves, analista chefe da VG Research
Esperamos um corte de igual magnitude (0,5 ponto porcentual) na próxima reunião (de dezembro), fechando o ano em 11,75%. Os passos futuros vão depender da evolução do balanço de riscos doméstico e internacional.
Guilherme Sousa, economista da Ativa Investimentos
Esperamos manutenção de 0,5 ponto porcentual nas próximas três reuniões do Copom do Banco Central, com corte adicional de…
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