Os analistas também aprovaram a queda nos juros feita pelo Banco Central. “Talvez tenha sido meio forçada”, diz Rodrigo Moliterno, diretor de renda variável da Veedha Investimentos. Ele se refere à pressão que Lula fez para que o Banco Central iniciasse um ciclo de cortes na Selic – o embate esteve em destaque no noticiário durante todo o ano. “Mas o patamar em que estávamos, de 13,75% ao ano, era alto demais”, completa. Atualmente, a taxa está em 11,75%.
Outro ponto benéfico foi a promulgação da reforma tributária. Esse é um tema que tentou sair do papel há 30 anos e foi promulgada no dia 20 pelo Congresso Nacional. Houve participação da cúpula dos três Poderes na cerimônia. “Não é a reforma dos sonhos, mas será bem melhor do que o sistema que temos agora”, diz Claudia. Veja como bancos, comércio e restaurantes reagiram à reforma tributária.
O controle da inflação também foi elogiado, mas os gastos do governo ainda preocupam. “Quando o presidente, numa sexta-feira à tarde, diz que não vai necessariamente cumprir a meta de gastos anos que vem, isso joga incerteza no mercado e não há nada pior que isso”, afirma Leandro Petrokas, diretor de pesquisa e sócio da Quantzed. Lula afirmou ainda que o mercado financeiro é “ganancioso” e que não quer começar o ano cortando “bilhões” de obras e investimentos prioritários.
Preocupações continuam para 2024
Situação fiscal continuará sendo a maior preocupação em 2024. Ela pode, inclusive, diz Petrokas, diminuir o ritmo de corte da Selic. A previsão inicial é de que, até o final de 2024, os juros cheguem a 9,25%, segundo o último boletim Focus. O dólar, de acordo com Claudia, pode fechar o ano que vem a R$ 5. Tudo vai depender de o governo cumprir ou não a promessa de déficit zero. “Acredito que é difícil o governo chegar a essa meta”, diz Claudia. “As novas medidas de arrecadação do governo ainda são uma incógnita. Não sabemos o quanto realmente vai entrar nas contas públicas com elas”, diz a economista.
O governo vem cobrando impostos de setores que não eram tributados. Outra ação de arrecadação é a medida provisória que retoma a tributação de empresas que têm benefícios de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A proposta foi aprovada no dia 15 de dezembro e pode render mais de R$ 35 bilhões para o governo. O mesmo texto também inclui mudanças no Juros sobre Capital Próprio (JCP). Essa é uma modalidade de distribuição de lucros de acionistas em grandes empresas. Com tudo isso, o governo espera atingir uma arrecadação de R$ 168 bilhões para alcançar a meta fiscal zero em 2024.
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