A CRESCENTE SOMBRA NO DRAGÃO: O ELEGANTE DECLÍNIO DA ECONOMIA DA CHINA
No cenário internacional, a maioria dos mercados de ações asiáticos continuou a apresentar um viés negativo nesta sexta-feira, influenciados pela persistente apreensão em relação aos possíveis aumentos das taxas de juros nos Estados Unidos.
No entanto, alguns sinais de medidas adicionais de estímulo adotadas pela China contribuíram para que as ações locais conseguissem registrar alguns ganhos.
A situação global ainda reflete as inquietações dos investidores, que nos últimos dias acentuaram suas preocupações em relação à desaceleração econômica chinesa e às ameaças de um colapso no setor imobiliário do país.
Como exemplo recente, a segunda maior empresa de desenvolvimento imobiliário da China, a conhecida Evergrande, entrou com pedido de proteção contra falência nos EUA por meio do Capítulo 15 (vá ao último tópico desta newsletter para conferir o que isso quer dizer).
Na Europa, os mercados acionários também iniciaram a sexta-feira com quedas, seguindo a mesma tendência, assim como os futuros das bolsas americanas.
Nos últimos dias, as ações nos Estados Unidos ofereceram um desempenho moderado para os mercados regionais, após dados revelarem uma redução maior do que o esperado nas reivindicações semanais de auxílio-desemprego, indicando certa resiliência no mercado de trabalho.
Isso proporciona ao Federal Reserve uma margem maior para manter as taxas de juros elevadas. Em meio a esse contexto de aversão ao risco em âmbito global e ao aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, o dólar está ganhando força (com consequente enfraquecimento do real brasileiro).
A ver…
00:54 — Lágrimas de Orçamento
No contexto brasileiro, após experimentar sua décima terceira queda consecutiva (contagem ainda em andamento), os mercados têm adquirido uma crescente dose de apreensão em relação à saúde fiscal do país.
Recentemente, a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal emitiu um alerta a respeito de uma “deterioração acentuada” no resultado primário da União a partir de maio, corroborando a perspectiva anteriormente apresentada por Haddad sobre a desaceleração das receitas tributárias.
O governo, que tem uma orientação inclinada ao gasto, tem enfrentado dificuldades na implementação de iniciativas para incrementar as receitas no curto prazo, gerando incertezas em torno da eficácia do arcabouço fiscal.
O mercado, por sua vez, parece já estar assimilando a ideia de que as metas estipuladas para os anos de 2023 e 2024 possam não ser alcançadas, reconhecendo que não é uma tarefa trivial “criar” R$ 100 bilhões ou R$ 150 bilhões da noite para o dia.
Vale ressaltar que a aprovação do arcabouço fiscal, que inclusive deve ser adiada para a próxima semana, ainda não ocorreu, e essa perspectiva parece cada vez mais distante, conforme observado pelo próprio relator do projeto na Câmara em declarações recentes.
Outros projetos também estão em pauta, como a desoneração da folha de pagamento e a tributação de fundos offshore. Avançar com sucesso nessa agenda seria um indicativo significativo de que as tensões entre o governo e o Congresso Nacional podem estar sendo suavizadas.
01:50 — A alta dos yields
Nos Estados Unidos, as taxas de juros estão experimentando uma notável expansão, mesmo sem mudanças significativas na política monetária, à medida que o mercado começa a precificar o fim do ciclo de aperto monetário.
Após mais um aumento considerável no dia de hoje, o rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos atingiu 4,307%, alcançando o patamar mais elevado desde 7 de novembro de 2007.
Como consequência desse movimento, o dólar está se fortalecendo e os mercados acionários estão enfrentando quedas.
O que está impulsionando essa dinâmica? Em decorrência da contínua resiliência econômica, a probabilidade de um novo aumento nas taxas de juros até novembro agora se mostra mais provável.
Conforme indicado pelo rastreador econômico do Federal Reserve de Atlanta, o GDPNow, a previsão é de um crescimento da economia a uma taxa anualizada de 5,8% no terceiro trimestre, com uma taxa de desemprego historicamente baixa de 3,5%.
Os investidores atribuem uma probabilidade maior de um aumento nas taxas de juros em novembro, após uma pausa em setembro.
Há, pelo menos, um efeito obtido pelo Federal Reserve:…
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