Em um movimento já esperado pelo mercado, o Itaú (ITUB4) vendeu as suas operações na Argentina para a instituição local Banco Macro, que agora se consolida como o maior banco privado do país vizinho. A venda, que foi fechada por R$ 250 milhões, já era especulada desde junho, quando a imprensa argentina noticiou as negociações em andamento.
“Estima-se que o impacto não-recorrente desta transação no resultado do Itaú Unibanco seja negativo em aproximadamente R$ 1,2 bilhão, que será reconhecido quando a transação for concluída. Já o impacto líquido no capital CET I do Itaú Unibanco será imaterial”, afirmou o Itaú em comunicado.
O Itaú Unibanco afirmou que após a conclusão do negócio continuará atendendo os clientes corporativos locais e regionais, e pessoas físicas dos segmentos de wealth e private banking, por meio de suas unidades internacionais.
O banco também afirmou que vai fazer pedido na Argentina e no Brasil para abertura de escritório de representação em território argentino.
“Continuaremos com presença na Argentina por meio de um escritório de representação local, e seguiremos atendendo os nossos clientes corporativos e de wealth e private bank a partir das nossas unidades do banco no Brasil e nas demais unidades externas”, afirmou o presidente do Itaú na Argentina, Paraguai e Uruguai, André Gailey, em comunicado à imprensa.
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Na América Latina, além de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o Itaú mantém operações no Chile e Colômbia.
O Itaú Unibanco não informou o motivo para a venda da operação na Argentina, cujo anúncio ocorreu no mesmo dia em que o Brics – que reúne Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul – fez convite formal para entrada do país no grupo.
A venda da operação também ocorre poucos dias depois que o candidato presidencial de extrema-direita Javier Milei venceu eleições primárias no país, surpreendendo analistas políticos.
“A transação já estava no radar do mercado, uma vez que o banco já havia informado em junho que estava em negociação preliminar com o Banco Macro”, disse o analista Mateus Haag, da Guide Investimentos. Além disso, a transação é pouco representativa para o balanço do Itaú.
Segundo ele, 80% da carteira de crédito do Itaú Unibanco na América Latina está concentrada nas operações do Chile e da Colômbia.
Conforme destaca Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, como a transação deverá impactar o resultado da companhia em R$ 1,2 bilhão negativo, a operação sugere um prejuízo na venda.
Porém, a analista avalia que, “dadas as perspectivas macroeconômicas dos hermanos, essa pode ter sido a melhor saída possível, mesmo com o prejuízo na venda. Ademais, a venda libera foco e recursos para outras operações da LatAm, algumas inclusive maiores do que a da Argentina”.
Negociando a 1,5 vez o seu valor patrimonial, a Empiricus possui uma recomendação de compra para a ação ITUB4.
Para a Levante Ideias de Investimentos, o acordo entre o Itaú Unibanco e o Banco Macro representa uma mudança estratégica nas participações acionárias do Itaú Unibanco no Banco Itaú Argentina S.A. e suas subsidiárias.
A transação, sujeita a condições e aprovações regulatórias, terá um impacto financeiro, mas não deve prejudicar de maneira significativa a posição financeira geral do Itaú Unibanco, aponta.
“Em nossa visão, o banco figura como destaque no segmento no Brasil atualmente, explicado pela atuação diante dos ciclos econômicos atravessados nos últimos anos, que atrelou gestão eficiente de riscos e margem financeira sustentável, com perspectivas positivas para os próximos trimestres”, cita a Levante.
Histórico
Em um breve comentário, o Bradesco BBI aponta que a venda parece refletir o quão desafiador foi para o Itaú operar na Argentina.
O banco brasileiro ingressou no país vizinho em 1979, com a criação de uma operação de atacado para atender transações de comércio exterior de multinacionais. Em 1995, o banco iniciou operações de…
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