Na noite de segunda-feira (28), um anúncio entre duas grandes companhias do setor de proteínas chamou atenção do mercado, ainda que fosse bastante esperado.
A Minerva (BEEF3) anunciou a compra de 16 plantas da Marfrig (MRFG3) por R$ 7,5 bilhões, transação que levará a Minerva ao segundo lugar em abate de bovinos no Brasil, atrás apenas da JBS (JBSS3).
Das 16 plantas, 11 são no Brasil, 3 no Uruguai, 1 na Argentina e 1 no Chile. Nos últimos 12 meses, a receita líquida estimada das plantas adquiridas foi de R$ 18,0 bilhões, com lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 1,5 bilhão, representando uma margem Ebitda (Ebitda sobre receita) de 8,3%.
Conforme destacam várias casas de análise, o negócio é transformacional para as duas companhias em seus objetivos, mas a reação de curto prazo na Bolsa pode ser diferente entre as empresas.
A XP ressalta que a Minerva aumentará sua capacidade de abate em 12,9 mil cabeças de gado e 6,5 mil cabeças de cordeiro por dia, um aumento de capacidade de 43%.
O pagamento da aquisição será feito 100% em dinheiro, com adiantamento de R$ 1,5 bilhão (23% do valor de mercado – já realizado), enquanto o valor restante de R$ 6,0 bilhões será pago somente mediante autorização dos órgãos reguladores. Para os R$ 6,0 bilhões restantes, a Minerva conta com o compromisso de um banco que financiará a aquisição.
A Eleven vê a transação como positiva e transformacional para a Minerva dada a expansão da capacidade atual o que proporciona benefícios de escala para a companhia. A Minerva ganha um poder de barganha ainda maior com fornecedores, reforçando o posicionamento de liderança na América Latina, além de aumento da exposição em mercados premium, aponta.
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“Além da evolução das margens, esperamos também ganhos de sinergia com a unificação de estruturas de custos de vendas, gerais e administrativos das operações adquiridas, que devem permitir uma maior rentabilidade”, apontam os analistas da casa de research.
Atualmente, as plantas apresentaram margem Ebitda de 8,3%, 0,8 ponto percentual (p.p.) menor do que a da Minerva no mesmo período. Com a conclusão da transação, a companhia passará a operar a um nível de alavancagem de 3,7 vezes a dívida Líquida/Ebitda dos úlimos doze meses, indicador que a Minerva estima que deve chegar a 2,6 vezes em 2024 (abaixo da alavancagem atual de 2,7 vezes da Minerva), considerando os ganhos de sinergia e a geração de caixa da companhia consolidada.
“Reforçamos BEEF3 como a nossa top pick no setor de proteínas dado o reforço no seu footprint [presença] diversificada dentro da América do Sul, agora com a entrada do Chile, focando cada vez mais na exportação direta de carne in natura, onde a empresa já provou sua aptidão”, apontam os analistas.
Além disso, segue com a expectativa de um ciclo muito positivo para os frigoríficos no Brasil, com os preços da carcaça apresentando quedas que chegam a 29% na base anual.
O JPMorgan vê que o acordo de R$ 7,5 bilhões representa uma oportunidade estratégica para a Minerva complementar a sua atuação, estando a iniciativa bem alinhada com a estratégia de diversificação da empresa, uma vez que incorporam ativos complementares às suas operações existentes na América do Sul.
Já a Marfrig manterá as principais fábricas de hambúrgueres, processados e de maior valor agregado, decisão que sustenta os movimentos da gestão nos últimos anos, tendo como exemplo mais notório a aquisição da BRF (BRFS3), aponta a XP.
“Além de ficar mais leve e caminhar para negócios com margens maiores, o cheque de R$ 7,5 bilhões é uma notícia bem-vinda num momento em que liquidez e alavancagem se tornaram uma preocupação”, avaliam os analistas da XP.
No entanto, ponderam, mesmo com a entrada de caixa estimada da aquisição, prevemos que a alavancagem ainda estará em um nível pouco convidativo ao final de 2023, com um risco negativo como resultado da diminuição das margens da National Beef.
A Eleven também entende que a aquisição é positiva para a Marfrig, pois a companhia passa a focar em…
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