Com a PPI, o receituário oficial de preços era orientado pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pela cotação do dólar.
Por um lado, havia alguma previsibilidade de preços. Por outro — motivo de crítica dos membros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — o valor dos combustíveis ficava refém do mercado de commodities e do câmbio.
Passado esse ponto, analistas ouvidos pelo g1 entendem que as variáveis indicadas pela estatal para a nova calibração dos preços do diesel e da gasolina são muito abertas, o que tira previsibilidade do aumento ou redução dos valores de combustíveis.
- o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação;
- o valor marginal para a Petrobras.
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A empresa explica que o custo alternativo do cliente contempla “as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos”. Em outras palavras, isso significa que a decisão da Petrobras será influenciada pelos valores de combustíveis concorrentes.
Já o valor marginal é baseado no “custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino”.
Também traduzindo a linguagem do comunicado, isso impede, por exemplo, que a Petrobras venda combustíveis a um preço muito baixo, até mesmo menor do que os custos de produção ou importação, dependendo de cada situação.
De acordo com Mateus Pazin Haag, analista da Guide Investimentos, a mudança da política de preços havia sido antecipada tanto pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, como pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Ainda assim, a sensação é de que as mudanças poderiam ser mais detalhadas.
“O principal ponto é que não sabemos qual é o peso de cada um desses dois fatores no cálculo do preço de combustível. Nem sabemos qual vai ser o tamanho reajuste no curto prazo. Fica difícil mensurar o impacto dessa notícia”, afirma.
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Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, considera que, apesar de ainda haver uma falta de transparência sobre como os preços serão calculados e, consequentemente, quais serão os impactos para o consumidor, com o fim da PPI a tendência é que ocorra uma suavização na oscilação dos preços, principalmente quando o petróleo ou o dólar subirem no exterior.
Ela explica que a referência do “custo alternativo do cliente”, além de ter em consideração o preço dos combustíveis substitutos e os valores praticados por concorrentes, também deve levar em conta os impactos sobre a inflação, tendo em vista que os combustíveis representam um peso importante na composição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Dessa forma, a expectativa da economista é que os reajustes dos combustíveis sejam realizados, a partir de agora, de uma forma que não afete tão drasticamente o poder de compra da população.
Milad Kalume, gerente de desenvolvimento de negócios da Jato Dynamics, compartilha da visão que a nova política de preços tira um pouco da volatilidade de eventos passageiros do preço dos combustíveis, o que é positivo.
Por outro lado, também permite uma “omissão” da Petrobras em fenômenos mais representativos dentro do mercado de combustíveis.
“É bom que o consumidor final não vai sentir tanto os efeitos diretos da alteração de preço do combustível internacional. Mas isso pode trazer à tona uma situação que a gente já viveu no passado de Petrobras: você deixa aí uma margem de manobra política para a empresa”, diz Kalume.
Petrobras aprova nova política de preços
Bruno Cordeiro, analista de Mercado para Petróleo da StoneX, vai em direção parecida e destaca que o mercado, agora, está repleto de “incertezas e indefinição”, por conta da falta de clareza no anúncio da companhia.
“O anúncio do fim da PPI acaba dando uma capacidade de arbitragem para a Petrobras, porque a empresa não precisa mais…
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