Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar tinha queda frente ao real nesta quarta-feira, após a aprovação do texto-base do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, embora o impasse sobre o teto da dívida dos Estados Unidos mantivesse a demanda por segurança no mundo, enquanto investidores aguardam ainda a ata do Federal Reserve.
Às 9:45 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,68%, a 4,9381 reais na venda.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 9:45 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,72%, a 4,9435 reais.
A Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da regra fiscal na noite de terça-feira, por 372 votos favoráveis e 108 contrários, após ajustes de última hora feitos no texto pelo relator Cláudio Cajado (PP-BA) para tornar menos generosa a regra de gastos em 2024.
“Saiu uma regra mais dura versus algumas preliminares”, avaliou Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original. “Também chamou atenção positivamente os 372 votos… o mercado pode fazer uma regra de 3 simplória e começar a achar que a tributária pode passar mais fácil”, acrescentou ele, embora tenha alertado que “seguem no ar as dúvidas quanto à trajetória das despesas e da dívida pública”.
Nesta quarta-feira os deputados analisarão destaques que podem mudar o texto da nova regra fiscal se aprovados e, após isso, a matéria irá ao Senado.
No exterior, o dólar subia frente a uma cesta de pares fortes, depois que representantes do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e dos republicanos do Congresso norte-americano encerraram outra rodada de negociações sobre o teto da dívida na terça-feira sem sinais de avanço.
O impasse para elevar o limite de endividamento da maior economia do mundo tem aumentado os temores sobre possível calote, que, segundo especialistas, teria consequências catastróficas a nível global.
O foco também fica sobre o Fed, que às 15h (de Brasília) divulgará a ata de sua última reunião de política monetária.
“Ao longo desta semana e da última, vimos alguns dos membros do conselho (do Fed) lançando comentários mais ‘hawkish’ (duros contra a inflação), defendendo inclusive novos aumentos da taxa nas próximas reuniões”, disse equipe da Guide Investimentos em nota a clientes.
“Agora, o que o mercado quer entender é qualquer sinal de quão provável é que o Fed aumente (os juros) nas próximas reuniões.”
Paulo Ricardo, especialista em Investimentos da Blue3 Investimentos, disse que uma ata mais dura provavelmente jogará o dólar para cima nesta quarta-feira.
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Num cenário mais amplo, no entanto, ele enxerga um ambiente favorável ao real, citando estabilização da cena internacional após a recente redução nos riscos de uma crise bancária.
O dólar cai mais de 6% frente ao real no acumulado de 2023, movimento que alguns especialistas também associam ao patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 13,75%, que tende a atrair investimentos de agentes estrangeiros interessados em retornos mais altos.
Na véspera, a moeda norte-americana spot fechou o dia cotada a 4,9721 reais na venda, com variação positiva de 0,01%.
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