O CÉU DE WYOMING: O SIMPÓSIO DE JACKSON HOLE ENTRA EM CENA
Bom dia, pessoal.
Nos mercados externos, as bolsas asiáticas encerraram a sessão desta segunda-feira sem uma tendência única, refletindo a divergência de movimentos observada em Wall Street na sexta-feira anterior.
A prudência dos investidores persiste, uma vez que dados positivos dos Estados Unidos aumentaram as preocupações de que o Federal Reserve (Fed) manterá as taxas de juros em patamares elevados por um período prolongado a fim de conter a inflação.
Enquanto isso, o Banco Popular da China reduziu a taxa básica de juros para empréstimos de um ano em 10 pontos-base, estabelecendo um novo piso histórico de 3,45%.
Apesar dessa e outras medidas de estímulo, a percepção prevalecente é que elas podem ser insuficientes e implementadas tardiamente para enfrentar os desafios atuais (o bom e velho “too little, too late”).
As bolsas europeias começam a semana em alta, assim como os futuros das ações americanas e a maioria das commodities de maior relevância.
Nos Estados Unidos, toda a atenção está voltada para o Simpósio de Jackson Hole, a partir da quinta-feira, em que Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, poderá fornecer mais indícios sobre a trajetória da política monetária norte-americana.
Este evento é aguardado com ansiedade para obter mais insights sobre as perspectivas do Fed e as possíveis direções que a política monetária poderá tomar.
A ver…
00:53 — Nós nas Gargantas do Poder: o engasgar da Reforma Ministerial
No cenário nacional brasileiro, finalmente rompemos a sequência histórica de 13 quedas consecutivas do índice Ibovespa, ainda que essa recuperação tenha sido de forma bastante contida.
É possível que, nos próximos dias, possamos observar uma continuação da retomada nos ativos locais, desde que as condições internacionais permitam e a cena política em Brasília não crie obstáculos.
No entanto, as preocupações oriundas da capital federal persistem.
A incerteza em torno da reforma ministerial emerge como uma ameaça à votação do arcabouço fiscal, uma vez que membros do Centrão têm exercido pressão para que nenhuma matéria de interesse do governo seja apreciada até que essa questão seja solucionada.
O dilema se agrava devido à ausência do presidente Lula, que se encontra fora do país para participar da Cúpula dos BRICS e tem retorno previsto para o dia 28.
O presidente demonstra hesitação sobre a alocação dos parlamentares de partidos como PP e Republicanos, que têm exigido concessões cada vez mais significativas.
No entanto, sem essa definição, o prazo para a votação do arcabouço fiscal nesta semana torna-se mais apertado, o que aumenta a pressão sobre as taxas de juros.
Nesse contexto, o relator do projeto na Câmara já mencionou a possibilidade de adiar a votação.
Essa situação delicada coloca maior pressão sobre a agenda econômica do governo, liderada por Haddad, que é dependente de uma maior arrecadação.
Sem a aprovação do arcabouço fiscal, o governo poderia se ver obrigado a recorrer a despesas condicionadas, uma solução considerada menos ideal para a sustentabilidade das finanças públicas.
01:52 — Ecos nas Montanhas de Jackson Hole: para onde vai a taxa de juros?
Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 registrou um notável avanço nos primeiros sete meses de 2023; no entanto, mais de um quarto desses ganhos foram revertidos após alertas de que o mercado havia abraçado precipitadamente a ideia de que a inflação estava sob controle e que os aumentos nas taxas de juros haviam chegado ao fim.
Diante desse cenário, alguns investidores estão direcionando seus recursos para títulos, uma vez que as taxas de juros mais elevadas resultam em pagamentos maiores e menos expostos a riscos.
A expectativa de mais elevações das taxas de juros nos Estados Unidos e a manutenção dessas taxas em níveis elevados por um período prolongado contribuíram para o clima de pessimismo nos mercados na semana passada.
Isso ganhou ainda mais força após a divulgação da Ata do Federal Reserve (Fed), que reforçou a postura “hawkish” que já havia sido indicada por alguns membros individuais da autoridade monetária norte-americana.
A política monetária dos EUA estará novamente no centro das atenções nesta semana devido ao Simpósio de Jackson Hole, realizado em Wyoming.
O presidente do Fed, Jerome Powell, enfrenta a tarefa de…
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