Você sabia que um carro pode ser hackeado? Pois é, isso pode acontecer. Até outro dia, a lista de conteúdos de um carro contava com itens como bancos em couro, ar-condicionado e vidros elétricos. Hoje, estes equipamentos corriqueiros se misturam com termos que como OTA (sigla para atualização remota), 4G, 5G, WiFi. Além de cabos, polias e mangueiras, o carro moderno tem quilômetros de fios e milhares de semicondutores.
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O automóvel carro se tornou um computador. E como os notebooks e smartphones, ele também ficou vulnerável a invasões. É o que aponta a diretora regional de Mobility Business para América do Sul da TÜV Rheinland, Stela Kos.
Com 25 anos de atuação da indústria automotiva, parte de seu trabalho é fazer testes de invasão para verificar o nível de proteção dos sistemas embarcados nos automóveis. A especialista aponta que o modo de utilizar automóvel está mudando e junto com as novas funções e aplicações foi necessário adicionar eletrônica de ponta nele. Carro conectado, compartilhado e eletrificado demandam sistemas complexos embarcados.
Hackear carro já é realidade
Já não é raro ler notícias sobre carros que tiveram seus sistemas invadidos. Tem atém quem “sequestra” funções o carro por meio de bloqueios remotos e pede um resgate para liberar a funcionalidade. Isso sem falar em trambiques menos sofisticados como duplicação do sinal da chave presencial para destrancar o carro, dentre outras tramoias.
Tudo isso se tornou real devido ao aumento da eletrônica embarcada. Mas não podemos demonizar a modernização do carro. Graças a essa sinergia é que temos carros mais eficientes, seguros e limpos. Mas com todo benefício também surgem novos desafios.
“A quantidade de componentes eletrônicos em um carro é muito grande e faz do carro um equipamento comandado por hardware e software inserido num ambiente cibernético. Temos que pensar no carro da mesma maneira que atualizamos um celular”, explica Stela.
De acordo com Stela, a preocupação de sua empresa vai além. Será que além de destravar portas e bloquear multimídia, o que mais pode ser acessado a distância e que pode colocar a segurança dos ocupantes em risco?
“O que nos preocupa são os sistemas de segurança. Isso porque um invasor com amplo conhecimento poderia acessar sistema de freios, airbags e até mesmo enviar comandos ao motor. O desafio é criar bloqueios”, alerta Stela, principalmente com a popularização de acessos de funções do carro via celular.
Celular é uma das portas de entrada
E o receio é pertinente. Se nos carros atuais há diferentes módulos eletrônicos com ABS, controle de estabilidade e central do sistema de injeção que já comunicam entre si, há modelos que já oferecem sistemas integrados de gerenciamento e permitem ajustes remotos. Um exemplo é o Volvo C40.
O SUV elétrico pode ser atualizado, inclusive com parâmetros para elevar autonomia da bateria e até mesmo potência do motor. Ou seja, é quase que um smartphone com rodas. Num universo mais factível, a Chevrolet Montana também permite atualizações remotas.
“Já existe uma regulamentação europeia UNR 155 da Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (Unece), que define padrão mínimo de segurança que carro tem que ter. O Brasil assinou o acordo aceitando a fazer parte desse grupo da Unece, para estar sujeito a regulamentação UNR 155”, comenta.
Entre as premissas para manter o carro seguro é preciso monitorar os processo de produção e também de pós-vendas. Isso para garantir que o carro não possa ser hackeado na concessionária. O documento ainda exige que identificação de possíveis riscos a sistemas e quais softwares poderiam ser acessados e provocar acidentes.
A norma também determina que cada fabricante desenvolva seus mecanismos defesa, assim como ferramentas para proteção de suas nuvens. Afinal, os carros conectados conversam diretamente com os servidores dos fabricantes. E claro, evitar que brechas na conexão entre celular e o carro.
Não é problema só de gringo
Mas não se trata de uma demanda para o futuro. Ela é para ontem. Hoje, isso já é…
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