A BYD começou a vender carros eletrificados no Brasil no ano passado e já é a fabricante com maior volume de vendas de veículos desta categoria por aqui. Agosto foi o melhor mês do ano em vendas e a empresa chinesa ocupou as três primeiras colocações entre os 20 modelos mais vendidos em nosso mercado. No total, cinco carros da marca aparecem nessa lista.
O líder BYD Dolphin teve 371 unidades vendidas no último mês, seguido do D1 (com 153 carros) e Yuan Plus (132). O SUV Tan e o sedã recém-chegado Seal também aparecem.
Um levantamento da consultoria suíça UBS Group sugere que as empresas chinesas responderão por 1/3 das vendas dos carros no mundo até 2030. Isso mesmo, a cada três automóveis comercializados ao redor do globo, um será chinês.
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Desde 2009 o governo da China trabalha em um plano de estímulo à eletrificação cedendo isenções de impostos para os consumidores e benefícios fiscais aos fabricantes. O primeiro lote de abatimentos monetários equiparou o preço de veículos eletrificados aos seus equivalentes a combustão. Logo, o custo da tecnologia estava totalmente subsidiado.
O plano deu tão certo que deveria ter sido encerrado em 2015. Porém, está ativo até hoje. No começo do ano, o governo anunciou um novo pacote de US$ 72,3 bilhões para uma nova rodada de estímulos para os próximos quatro anos.
Além de ampliar a indústria em tecnologia e volume de produção, a China quer expandir suas marcas locais em níveis globais. A política implementada pelo presidente Xi Jinping visa nutrir as empresas chinesas e transforma-las em expoentes mundiais. O atual governo vê essa medida como um passo estratégico para a nação.
Logo, não é coincidência que a presidente da BYD para as Américas, Stella Li, tenha declarado em agosto que pretende transformar a cidade de Salvador em uma espécie de “Vale do Silício brasileiro”. A declaração veio desacompanhada de um plano concreto para este feito – apenas com uma promessa de investimento de R$ 3 bilhões na futura planta de Camaçari, na Bahia.
Na China, foram vendidos 780.000 veículos eletrificados em julho, um valor inalcançável para nossos patamares em médio prazo. No mesmo mês, foram comercializados 7.500 veículos da mesma categoria por aqui. E a fábrica que a BYD quer instalar no nordeste brasileiro terá capacidade produtiva inicial de 150.000 unidades por ano.
Ou seja, isso a BYD teria, sozinha, quase o dobro de produção da atual demanda nacional. O que justifica a fábrica latino-americana é justamente a intenção de fazer da BYD um fabricante global.
Em vez de levar carros diretamente da China para as Américas, o Brasil irá se tornar um polo exportador dos produtos da empresa em toda a América Latina. A Bahia servirá como hub de exportação da, já que México, Chile, Colômbia e Costa Rica, por exemplo, também contam com representação oficial.
A BYD irá utilizar as mesmas instalações onde funcionava a fábrica da Ford, até 2021. As negociações para que a empresa assuma a planta continuam em curso, uma transação que deve ficar na casa dos R$ 150 milhões, mas o martelo está praticamente batido. Tanto é que o fundador e CEO Global da BYD, Wang Chuanfu, já tem em sua agenda uma visita ao Brasil em outubro, para a inauguração da Pedra Fundamental da nova fábrica.
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