Nesta segunda-feira, dia 25 de setembro, representantes do Fórum dos Festivais estiveram reunidos em um painel no Fórum Audiovisual Mercosul, que é parte da programação do Florianópolis Audiovisual Mercosul (FAM). No debate, eles trouxeram à tona as principais reivindicações do setor de mostras e festivais nacionais e reiteraram a importância que esses eventos têm no ecossistema audiovisual.
Márcio Blanco é Presidente do Fórum dos Festivais e diretor do Festival Visões Periféricas.Em sua fala, destacou que entre as principais demandas do Fórum está o desenvolvimento, com dotação orçamentária, do Pronaf, o Programa de Incentivo ao Setor de Mostras e Festivais que foi instituído por uma portaria do MinC em 2017. E para o grupo, as ações resultantes deste programa devem ser elaboradas e desenvolvidas com acompanhamento do setor de mostras e festivais e suas representações.
Outra reivindicação importante é o retorno da linha de financiamento para mostras e festivais com recursos do FSA. Essa linha, que era de fluxo contínuo, aconteceu em 2018/2019 e, segundo Blanco, foi “o melhor dos mundos”. Ele pontuou: “Nós sofremos muito com a falta de perspectiva para os festivais. Não podemos depender só de conjunturas políticas. Precisamos de fontes de financiamento estáveis, que garantam que a gente consiga se planejar a longo prazo. Sabemos que existe um problema do cinema produzido chegar ao público. Por isso o FSA, além de investir em produção, também precisa se voltar à exibição. E não é só exibição em salas de cinema – é festival e mostra também”. O retorno dos editais de fomento para mostras e festivais propostos por empresas estatais, como Petrobras e Caixa Econômica Federal também é uma solicitação do Fórum.
A lista de reivindicações segue com a participação institucional – a entrada de organizações representativas de mostras e festivais no Conselho Superior de Cinema e no Comitê Gestor do FSA; a informação – o apoio do poder público a ações de pesquisa de dados do setor de festivais de cinema e audiovisual, fazendo ver toda sua diversidade temática e potência econômica; e pontuação de festivais e mostras – contabilização da realização de festivais e mostras a título de pontuação de suas produtoras na Ancine.
De modo geral, o Fórum dos Festivais chama a atenção para a necessidade de mudança de visão na cadeia produtiva, pensando a exibição como um elo que vai além da remuneração econômica de filmes. “Essa é a visão da Ancine – enxergar o cinema como uma cadeia econômica que remunera seus filmes e seus profissionais. Mas, sem cumprir dois direitos básicos, essa remuneração não acontece. O direito de acesso ao filme por parte do público e o direito de circulação por parte do filme”, ressaltou Blanco.
Para reforçar esse ponto, ele trouxe alguns dados: em 2019, antes que a cota de tela expirasse, 90% dos filmes exibidos em salas de cinema (252) fizeram menos que 10 mil espectadores. “Ou seja, não é só questão de cota. É claro que ela é um mecanismo fundamental de proteção de mercado, mas sozinha a cota não dá conta de escoar toda a produção. Por isso, os festivais precisam ser reconhecidos como um elo importante para que a produção chegue ao público. A Ancine não contabiliza o público dos festivais como um público válido para os filmes. Mas precisamos reconhecer esse público como oficial. Há filmes que fazem um circuito maior em festivais do que em salas de cinema. Os festivais potencializam o alcance das obras”, enfatizou.
Panorama dos festivais no Brasil
O Fórum dos Festivais é atualmente a única entidade no Brasil juridicamente formalizada que representa do setor de mostras e festivais no Brasil e no exterior. A atual gestão é formada por 16 festivais e o Fórum conta com 66 festivais como membros cadastrados, além de representar 30 que acontecem no exterior. Entre as principais missões da organização, estão promoção do desenvolvimento social e cultural; defesa do patrimônio histórico, artístico e imaterial; estudos e pesquisas; promoção do intercâmbio entre festivais para o pleno desenvolvimento dos mesmos; e colaboração com o Estado, como órgão técnico e consultivo para…
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