Sócio da Rede Kai, Kalil Lucena, mostra como o networking profissional é uma ferramenta estratégica e de crescimento para as empresas, principalmente na troca das redes de contatos
Por Karin Fuchs
O networking profissional é uma ferramenta estratégica para ampliar os negócios, se relacionar e ampliar a sua rede de contatos com as de outras pessoas, abrindo portas para novas oportunidades, e até para se reinventar. Porém, nem sempre as pessoas sabem por onde começar, como se apresentarem profissionalmente ou até mesmo, mostrar o propósito de sua empresa.
Foi pensando nisso que o especialista em networking, Kalil Lucena, junto a mais dois sócios, Fabiano Fernandes e Vinicius Damasceno, fundaram em 2020 a Rede Kai, uma comunidade que conta hoje com cerca de 100 empresários que promove networking com propósito e já movimentou mais de R$ 20 milhões em negócios entre os seus integrantes. Nesta entrevista, Kalil dá dicas preciosas, conta a história de um empresário da reparação automotiva, participante da comunidade Kai, que se reinventou, e como funciona a Rede Kai.
Balcão Automotivo – Qual é a importância em fazer networking profissional?
Kalil Lucena – Networking profissional não é só encontrar pessoas. Muitos empresários acabam achando que é oba-oba, mas acabam perdendo uma ferramenta estratégica, que é a de se relacionar com outras pessoas e ter novas possibilidades de negócios e, principalmente, ter acesso a rede de contatos dessas pessoas. Nem sempre com quem ele se relacionará irá gerar negócios, mas sim, com a rede desta pessoa, o que chamamos da rede da rede. Ou seja, às vezes eu te conheço e não necessariamente vou fazer negócio com você, mas ao estreitar o relacionamento, eu consigo chegar na sua rede, e a gente vem trazendo o networking profissional como uma ferramenta estratégica e de crescimento para as empresas.
BA – Podemos afirmar que é uma mudança comportamental?
KL – Sem dúvida. A gente vem de uma educação corporativa de muita solidão, de não poder contar para ninguém sobre a minha empresa, os meus resultados, com a crença de que a minha ideia será roubada. Mas, quando você se abre para viver um networking profissional como empresário, você ganha aliados, pessoas que vão compartilhar suas redes de contato, e que você terá confiança de também compartilhar a sua rede. Todos ganham com isso: quem indicou, o indicado e, principalmente, o cliente.
Eu sempre vou mais para o lado mais comportamental e de desenvolvimento, mas, nós viemos de uma pandemia e a gente fala muito sobre saúde mental. O networking é um lugar em que o empresário consegue oxigenar a sua mente, pensando em novas possibilidades, novas saídas, novas ideias. É muita troca com as pessoas e para ajudá-las também.
BA – Onde e como pode ser feito networking?
KL – O que eu sempre recomendo, basicamente, é fazer networking em eventos, feiras, palestras e simpósios e de diversos segmentos. O grande segredo, quando estamos falando de estratégia, é entender que o foco é a rede da rede, é estreitar o relacionamento para que o outro apresente a sua rede de contatos, isso é o mais importante. Também é importante networking pelas mídias sociais, porém, eu acredito que as redes sociais precisam ser mais trabalhadas por parte dos empresários, eles precisam entender isso como uma estratégia.
BA – A rede de contatos é considerada networking quando há uma troca constante. Qual é a dica para não ser invasivo?
KL – Eu tenho uma máxima que é: busque ser interessante e não interesseiro. Hoje, todo mundo quer vender, mas quando você se interessa pela pessoa, pela sua vida ou pelo seu negócio, o relacionamento é diferente. A primeira dica é ouvir o outro. E tem uma frase do John Caster que eu gosto muito: “as pessoas não se importam com o que você sabe, até saberem que você se importa com elas”. Isso é relacionamento, a partir do momento que isso acontece, automaticamente, eu vou me identificando com você, criando uma amizade e uma simpatia, e junto a isso, vem o negócio. Quando você fala do seu negócio, eu vou buscando relacioná-lo com o meu para criarmos uma sinergia.
BA – Como funciona da Rede Kai?
KL – O objetivo da Rede Kai é promover e desenvolver network profissional, embasado em estratégia e em planejamento. O que nos diferencia é a nossa metodologia, orientando e até mentorando os empresários no caminho a seguir. Na Rede Kai, a gente trabalha muito o comportamento do empresário, desde a comunicação, como ele monta o seu pit de venda e como ele treina. Esta mesma comunicação ele pode trabalhar nas redes sociais, é uma estratégia de comunicação aprendida, que a gente desenvolve dentro dos grupos.
BA – E como são esses grupos?
KL – Nós montamos grupos regionais formados por especialistas. Dentro do grupo não tem concorrência interna, são profissionais de vários ramos, inicialmente de áreas similares que se complementam, e cada grupo cresce mediante a novas especialidades. O objetivo é eles se conhecerem sobre os seus negócios para que possam se indicar. Os encontros são semanais, presenciais, e se tornam uma rede de apoio, onde a gente trabalha no que cada um é bom na sua área e o caminho para a sua especialidade. A gente vai vendo a mudança de comportamento deles ao longo do ano em que eles ficam com a gente.
BA – Onde os encontros acontecem e o que é preciso para participar?
KL – Nós temos grupos em São Paulo (SP) e no Rio de Janeiro (RJ), que é uma franquia nossa, e já temos planos de expansão para outras regiões do País, em pelo menos as principais capitais. Nós formamos grupos para fomentarem negócios, independentemente do porte da empresa e do segmento que atua, é para todo mundo. Hoje, o investimento anual é de R$ 2.900,00 e eles têm acesso à nossa metodologia, treinamentos e as reuniões que acontecem semanalmente.
BA – É uma troca muito rica entre os membros
KL – Sem dúvida. E temos casos de empresários dentro do grupo que ainda não ganhou dinheiro com o networking, mas deixou de ter prejuízo. Como por exemplo, quando ele conversa com um advogado tributarista e com um profissional de contabilidade que lhe dão dicas, ele deixa de ter um prejuízo enorme na sua empresa. Nessa troca todos se ajudam a se desenvolverem e só o fato de se verem semanalmente, trocarem ideias, experiências e dificuldades, essa troca é muito rica.
BA – Conte-me um pouco como eles se desenvolvem para prospectarem clientes
KL – É incrível como os próprios empresários têm dificuldade de falarem do seu próprio negócio, eles falam muito melhor sobre o negócio do outro. Nós fazemos uma dinâmica chamada de pit trocada, a qual cada um apresenta o negócio do outro, e vira um show as apresentações. Isso a gente faz também na nossa metodologia, o que facilita quando ele vai a uma reunião de prospecção. Ele tem mais domínio do que ele faz para ganhar o cliente.
BA – Também me chamou a atenção o trabalho que vocês fazem de indicação de negócios qualificados. Como ele se dá na prática?
KL – Se um membro da Rede Kai nos pede o contato de uma empresa, nós vamos atrás para saber com quem ele pode falar e se essa pessoa pode recebê-lo. Pode ser que demore um pouco para conseguirmos o contato, mas quando isso acontece, nós o colocamos na cara do gol e a jogada é dele. A bola é uma indicação qualificada e o membro tem a qualidade de geração de negócio. Nós temos casos da própria pessoa que indicou o cliente ir junto com o interessado em fechar negócio; o indicador e o indicado.
BA – Na entrevista, você me falou sobre um empresário da reparação que se reinventou, sendo membro da Rede Kai. Pode nos contar essa história?
KL – Claro. O Maury Cesar Maia tinha uma oficina mecânica na região da Cracolândia (São Paulo), um dia ela foi invadida e ele decidiu fechá-la. Ele tinha entrado na Rede Kai para gerar negócios para a sua oficina, e quando isso aconteceu, ele disse que sairia do grupo. Nós sabíamos que ele tinha um projeto para se tornar um “personal car”, mas que nunca tinha saído do papel. Propusemos ajudá-lo e a mantê-lo no grupo. Depois de várias conversas, o seu projeto saiu do papel e hoje ele tem diversos parceiros e estruturou um novo modelo de negócio. Ele chegou a esse amadurecimento junto aos outros profissionais do grupo; ressignificou o seu negócio a partir do seu networking.
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A reinvenção de Maury Maia
Em depoimento à assessoria de imprensa da Rede Kai, Maury Maia contou como foi a mudança profissional. “Eu tive que fechar o espaço físico onde minha oficina estava instalada há 42 anos. Fui obrigado a fechar por estar situada no centro da cidade de São Paulo, no local conhecido como “Cracolândia”. E com isso, tive que me reinventar. Foi neste momento que resolvi entrar na Rede Kai e daí comecei a prestar um serviço muito mais próximo do cliente porque eu vou buscar o carro onde estiver. A Rede Kai me ajudou muito a desenvolver minha apresentação sobre esta nova forma de trabalhar”.
Ele lembra que no início alguns clientes não aceitaram por não estarem acostumados e não entenderem este novo formato. “Mas com o apoio que encontrei na rede, eu desenvolvi o trabalho de “personal car” e conquistei novos…
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