Segundo Rogério Albuquerque, “varejistas de autopeças são fundamentais para regiões mais distantes. São produtos muitas vezes específicos e de extrema importância já que, quando se faz necessário, é alto o grau de urgência”
Por Karin Fuchs
O que torna o varejo tão poderoso nas regiões extremas do País pode ser explicado pela falta de adesão em massa do digital e a realidade dos brasileiros que vivem nessas localidades sem uma internet de qualidade ou a um serviço postal que entre em qualquer rua e viela e encontre o destino certo do produto comprado.
“Nesses cenários, o pequeno varejista é um grande player para o consumo local”, afirmou Rogério Albuquerque, head de Marketing e Produtos da Card, fruto da junção entre o Grupo Card e a Rede Tendência, formando uma empresa com mais de 20 anos de experiência no mercado de meios de pagamento e soluções de tecnologia.
Ele acrescentou que a força do pequeno varejo nos extremos do Brasil pode ser explicada também pela proximidade com os seus clientes. “Quanto mais seguimos para o interior do Brasil, mais encontramos em todos os municípios uma relação próxima dos estabelecimentos com os habitantes da cidade. Esses pontos de venda, na maioria dos casos, são referência para produtos e serviços em seus bairros, já que seus proprietários normalmente estão há tempos no negócio e estão inseridos na comunidade local.”
E, ainda, pelo contato mais próximo e até uma relação amigável com os clientes. “Exatamente isso! Como os donos e vendedores dos pontos de venda, normalmente, estão no mesmo negócio há muito tempo, a ponto de vários terem herdado os estabelecimentos de seus pais e avós, as pessoas das cidades já os conhecem e sabem quem são! Com isso, se cria uma relação de confiança”.
Competitividade – Questionado sobre quais são as principais vantagens competitivas para o varejo nessas regiões, ele comentou que as distâncias de nosso País são continentais e, por isso, a logística para fazer chegar os produtos em todas as regiões do Brasil é mais complexa e, portanto, mais cara!
“Neste sentido, varejistas locais se apresentam como alternativa para disponibilizarem produtos de necessidade e de consumo. A cadeia de distribuição se viabiliza à medida que a logística consiga concentrar suas entregas e diluir seus custos!”, afirmou.
Varejo de autopeças – Especificamente o varejo de autopeças, Albuquerque falou que ele é fundamental para regiões mais distantes. “São produtos muitas vezes específicos e de extrema importância já que, quando se faz necessário, é alto o grau de urgência”.
Para ilustrar, disse ele, “imaginem, por exemplo, uma transportadora de alimentos que necessite de peças de reposição para seus veículos, por vários motivos, entre eles, uma quebra acidental ou não esperada. Se não existissem os varejistas de autopeças espalhados por todas as regiões do Brasil, podendo repor a peça danificada e permitir a volta imediata do transporte, avaliem a quebra de uma cadeia de abastecimento e produção destes alimentos com impacto na região desabastecida! A depender da região, esperar pelo envio de novas peças poderia inviabilizar toda a mercadoria!”
Massificação da internet – Para finalizar, Albuquerque acredita que ainda levará um tempo para que as regiões extremas tenham uma internet de qualidade. “De forma a viabilizar custos e tornar mais acessível os produtos nestas regiões citadas, sim, acredito que ainda levará um tempo considerável!”
Segundo ele, isso dependerá dos investimentos direcionados e bem aplicados para melhorias da infraestrutura de transportes, de transmissão de dados, da capacitação de pessoas (educação de qualidade), etc. “Infelizmente, se avaliarmos historicamente a aplicação destes investimentos em todas as áreas distantes do Brasil, reforça este ponto! Por isso mesmo, a importância de um varejo local forte e presente na vida das pessoas é muito alta!”.
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