No entanto, pesquisadores do Dimac apontam elementos que causam incertezas sobre o desempenho da economia brasileira no futuro próximo.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou para cima suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. O crescimento estimado passou de 2,3% para 3,3%. As informações são da análise “Visão Geral da Conjuntura”, divulgada na sexta-feira (29).
Para 2024, o Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea manteve a previsão que a economia brasileira vai crescer 2%.
De acordo com a análise, internamente, as políticas adotadas pelo governo de transferência de renda, valorização do salário mínimo e demais programas sociais, permitem a sustentação da renda das famílias.
O aumento do poder de compra da renda das famílias dinamizou o consumo e aquisição de serviços.
“A expansão da atividade de serviços, um setor altamente empregador, interage com o bom desempenho dos indicadores de mercado de trabalho, com aumentos na população ocupada e na massa salarial real”, informa.
Além disso, o orçamento familiar, antes bastante pressionado pelos níveis de endividamento e pelo encarecimento do crédito, tem tido algum alívio proveniente da descompressão das taxas de inflação e de medidas de renegociação de dívidas das famílias de baixa renda através de programas como o Desenrola Brasil. A política fiscal também permite a expansão dos serviços públicos essenciais capitados na expansão do consumo do governo.
Por outro lado, o Ipea destaca o desempenho negativo da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), especialmente em máquinas e equipamentos, que pressionou a demanda interna para baixo.
No plano internacional, além da reabertura econômica da China no primeiro semestre de 2023, a economia norte-americana tem mostrado dinamismo, contrariando os indicadores antecedentes tradicionais de recessão. “O segundo aspecto relevante refere-se ao aumento da participação de mercado dos produtores brasileiros no comércio internacional de soja e petróleo, antes atendido por outros concorrentes. Esse ganho de novos mercados faz com que a taxa de crescimento das exportações brasileiras seja superior à taxa de crescimento do comércio internacional”, aponta os especialistas do Ipea.
Agronegócio
De acordo com o instituto, a produção agropecuária brasileira, em especial no Centro-Oeste, vem se beneficiando do clima desfavorável para as colheitas de grãos na Argentina e nos Estados Unidos. Dados das Contas Nacionais do Brasil do primeiro semestre de 2023 indicam forte elevação da atividade da agropecuária, uma alta de 17,9% em relação ao primeiro semestre de 2022, que vem encontrando nos mercados internacionais facilidade de escoamento dessa produção. Já os estoques, que haviam sido acumulados no primeiro trimestre, mostram queda no segundo trimestre, provavelmente devido à venda dos produtos agropecuários e seus processados.
“O Brasil tem aproveitado esse cenário favorável para manter sua posição de liderança no mercado internacional e ampliar sua participação nos embarques mesmo de commodities, até então com menos peso na pauta de exportação”, informa.
Para o ano, o Ipea elevou a projeção de crescimento do valor adicionado da agropecuária de 13,2% para 15,5% devido ao desempenho positivo das culturas de soja e milho, cana-de-açúcar e algodão, além das produções de bovinos e aves.
Arrecadação
Os pesquisadores ressaltam também que outro fato notório desses primeiros oito meses do ano é o desempenho da arrecadação tributária do governo central. Apesar do ritmo de crescimento do produto elevado, a arrecadação tributária sofreu queda, levando ao aparecimento de um déficit primário. Essa aparente contradição está relacionada a fatores excepcionais ocorridos em 2022 que não se repetem em 2023, sendo o principal deles a própria dinâmica…
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