Barcelona, Espanha — O mercado financeiro tem motivos para a cautela. De um lado, a liquidação de títulos do Tesouro dos Estados Unidos se estende pelo terceiro dia consecutivo, com o prêmio de risco dos bônus a 30 anos batendo os 5% pela primeira vez desde 2007 e levando outros ativos a uma queda vertiginosa. De outro, a destituição histórica do republicano Kevin McCarthy do cargo de presidente da Câmara tem potencial para afetar a classificação de crédito soberano dos EUA.
Os futuros de índices nos Estados Unidos davam continuidade à queda de ontem das bolsas, no mesmo sentido das bolsas europeias.
Na Ásia, a queda foi generalizada no fechamento das bolsas (o mercado chinês continua sem funcionar por feriado). O destaque de queda foi índice acionário japonês Nikkei (-2,28%), afetado pelo fato de os bônus soberanos do país terem subido a níveis inéditos desde 2013.
O prêmio do título norte-americano para 10 anos superava os 4,8% às 5h20 de Brasília.
Em outros mercados, o bitcoin com ligeira inclinação à alta. O ouro continuava em baixa e os contratos de petróleo WTI, também em queda, eram cotados abaixo dos US$ 89 por barril.
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💦 Efeito cascata. Enquanto cresce a convicção de que os juros dos EUA possam superar os patamares atuais, os maiores em 22 anos, o prêmios dos títulos do Tesouro de 10 anos parecem também querer romper a barreira dos 5%. A renda variável sentiu o impacto e o índice de ações MSCI de todos os países registrou a pior baixa em seis meses ontem.
💥 Rastilho de pólvora. A exigência de uma remuneração cada vez maior para carregar a dívida soberana de longo prazo se espalha pelo globo. O prêmio dos títulos de referência da Alemanha ultrapassou os 3% pela primeira vez em mais de uma década. No Japão, a taxa dos bônus a 10 anos do governo subiu para níveis que não eram vistos desde agosto de 2013, a 0,8%. Desta forma, aumenta a pressão para que o banco central japonês eleve o limite da curva de rendimentos e se prepare para o fim de sua política de taxas de juros negativas.
🔥 Mais lenha à fogueira. Um novo elemento foi adicionado ao já perturbado mercado. Analistas temem que a destituição de Kevin McCarthy danifique a classificação de risco dos títulos soberanos dos EUA. A saída de McCarthy em um momento delicado, com o risco de paralisação do governo ainda no ar, deve desencadear um surto de incerteza política em Washington em questões como as despesas federais.
💊 No front corporativo. A fabricante de medicamentos genéricos Sandoz Group foi desmembrada da farmacêutica Novartis AG para iniciar sua vida como uma empresa autônoma. Suas ações estreiam hoje na bolsa de valores da Suíça e os primeiros negócios apontam uma capitalização de mercado equivalente a US$ 12 bilhões.
🟢 As bolsas ontem (03/10): Dow Jones Industrials (-1,29%), S&P 500 (-1,37%), Nasdaq Composite (-1,87%), Stoxx 600 (-1,10%), Ibovespa (-1,42%)
Os temores sobre o rumo dos juros amargaram o mercado acionário. Novos dados de pedidos de auxílio-desemprego e comentários de membros do Fed renovaram as apostas de taxas mais altas por mais tempo. Também pesou o aumento para 9,61 milhões, contra menos de 9 milhões em julho, nas vagas em agosto, segundo a pesquisa de Vagas de Emprego e Rotatividade de Mão de Obra (JOLTS).
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Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• Feriado: China
• PMI de Serviços e Composto/Set: EUA, Zona do Euro, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Brasil
• EUA: Encomendas à Indústria/Ago, Pedidos de Bens Duráveis/Ago, Atividade Empresarial Não Manufatureira-ISM/Set, Reunião da OPEP, Variação de Empregos Privados-ADP/Set, Pedidos de Hipotecas MBA, Estoques de Petróleo Bruto
• Europa: Zona do Euro (IPP/Ago, Vendas no Varejo/Ago); Itália (PIB 3T23)
• Ásia: Hong Kong (PMI Industrial/Set); Japão (Compra de Títulos Estrangeiros, Investimentos Estrangeiros em Ações Japonesas)
• América Latina: Brasil (Fluxo Cambial Estrangeiro)
• Bancos centrais: Discurso de Discurso de Michelle Bowman e Austan Goolsbee (Fed) e de Christine Lagarde (BCE)
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