Depois do JPMorgan, desta vez a equipe de análise do Goldman Sachs destacou quais ações do setor de varejo no Brasil podem ser oportunidades de investimento após as fortes quedas recentes.
“Reconhecemos que um ciclo de revisões consecutivas dos lucros, o risco contínuo de potenciais alterações nos benefícios fiscais, a concorrência internacionais e balanços alavancados ainda limitam a visibilidade dos lucros futuros. Contudo, acreditamos que o recuo também deixou oportunidades atraentes de risco-retorno em determinadas ações para as quais vemos uma inflexão dos lucros mais próxima”, avaliam Irma Sgarz e equipe, que assinam o relatório.
Neste contexto, os analistas destacam especificamente Lojas Renner (LREN3), Arezzo (ARZZ3) e Carrefour Brasil (CRFB3), empresas para as quais possuem recomendação de compra.
Além disso, avaliam que RD, ex-Raia Drogasil (RADL3), continua sendo uma das principais opções por oferecer um crescimento confiável e o Mercado Livre (negociado na Nasdaq, mas operando na B3 com o BDR MELI34) continua sendo uma de suas ideias de investimento de maior convicção.
Os analistas ressaltam que o varejo brasileiro continua apresentando desempenho inferior ao do mercado. As ações do setor cobertas pelos analistas do banco caíram cerca de 30% nos últimos três meses, em comparação com baixa de 5% do Ibovespa.
“Embora as estimativas de lucros tenham sido revistas para baixo neste período (as estimativas medianas do lucro por ação para 2024 caíram cerca de 15% desde julho), acreditamos que o mau desempenho pode ser atribuído em grande por conta de um contexto de crescente percepção de risco”, apontam.
Eles listam, do ponto de vista micro, potenciais alterações regulatórias, relacionadas com possíveis fins de subvenções fiscais e dos juros sobre o capital próprio, enquanto a alavancagem segue sendo um ponto de preocupação para as empresas.
De uma perspectiva macro, a subida da curva de juros futura (a taxa de juros de 10 anos do Brasil aumentou cerca de +150 pontos-base nos últimos três meses, para 12,2%) também teve um impacto sobre o setor.
Mas, avaliam Irma e equipe, do ponto de vista do consumidor, o pior pode ter ficado para trás. A inflação medida pelo núcleo do IPCA aumentou ligeiramente em agosto em relação a julho (para +4,6% de +4,0% no comparativo anual), mas componentes-chave como alimentação em casa (-0,6% de +0,7% no comparativo anual) entrando em território deflacionário ajudaram compensar as pressões renovadas em eletricidade e transportes.
Além disso, o crescimento dos salários reais médios e totais continua em território positivo e o desemprego permanece sob controle. Como resultado, a diferença entre o crescimento dos salários nominais e a inflação ao consumidor de alimentos e bebidas aumentou para +750 pontos base em Agosto (ante +680 pontos base em Julho), marcando uma melhora no poder de compra e provavelmente ajudando o crescimento real das vendas do varejo a iniciar uma recuperação gradual.
Por outro lado, a elevada alavancagem das famílias continua um obstáculo a maiores gastos discricionários. Embora a confiança dos consumidores continue com uma tendência de alta, a alavancagem das famílias permanece relativamente elevada e apenas começou a mostrar sinais iniciais de baixa. O banco avalia que a desalavancagem das famílias deverá guiar um melhor cenário de demanda em 2024.
“Na nossa opinião, a queda geral das ações do setor gera um cenário favorável para stock picking”, apontam os analistas, citando a estratégia de investimento que consiste em selecionar individualmente ações com bom potencial de valorização.
Embora reconheçam que a visibilidade dos lucros permanece relativamente baixa em 2024 e que o ambiente geral de risco continua desafiador, eles destacaram os nomes com classificação de compra de sua cobertura que acreditam oferecer uma relação de risco-retorno atraente, mesmo cortando preço-alvo para praticamente todos os ativos (veja quadro no fim da matéria)
Confira abaixo as preferências detalhadas do Goldman Sachs para o setor de varejo:
Mercado Livre (recomendação de compra, mantém preço-alvo de US$ 2.180)
Para os analistas, continua a ser uma das ideias de maior convicção, com fortes investimentos nas suas verticais de fintech e de e-commerce.
“Ouvimos algumas preocupações…
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