Quem tem planos de viajar no final do ano deve ter ficado de cabelo em pé por conta do dólar. A moeda norte-americana superou os R$ 5,20 na sexta-feira (7), depois de passar por uma semana turbulenta — marcada pela disparada dos yields (rendimento) dos Treasuries de dez anos, como são conhecidos os títulos de dívida do governo dos EUA.
O principal motivo por trás dos solavancos no mercado, mais uma vez, foi a leitura de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve subir os juros mais uma vez este ano e a visão de que a taxa deve permanecer mais elevada por mais tempo.
O gatilho mais recente que reforçou essa visão foi a divulgação do payroll, o principal relatório de emprego dos EUA, que mostrou que a maior economia do mundo criou 336 mil vagas em setembro, muito acima das projeções de 170 mil para o período.
Como foi a semana para o dólar
O dólar começou a semana com alta de 0,79% em relação ao real, quando atingiu R$ 5,0667 — mantendo os maiores níveis desde 31 de maio.
Na ocasião, leituras acima do esperado de índices gerente de compras (PMIs) industriais nos EUA em setembro levaram ao aumento das chances de uma nova alta da taxa básica do país pelo Federal Reserve neste ano.
Na terça-feira (03), o movimento de fortalecimento da moeda norte-americano continuou. O mercado de câmbio doméstico foi tragado pela onda de aversão ao risco no exterior, com mergulho das bolsas em Nova York, escalada das taxas dos Treasuries. A divisa encerrou o dia no maior patamar desde 28 de março, a R$ 5,1603 — alta de 1,73%.
Na quarta-feira (04), o dólar interrompeu a sequência de dois pregões de alta, em que acumulou valorização de 2,53% e voltou a níveis vistos em fins de março. A moeda norte-americana encerrou o dia praticamente estável, a R$ 5,1530, uma queda de 0,03%.
Na véspera da divulgação do payroll e com a agenda interna esvaziada, o dólar voltou a subir. Na quinta-feira (05) encerrou a sessão com alta de 0,31%, a R$ 5,1692 — o maior valor de fechamento desde 27 de março.
Na sexta-feira (05), a moeda norte-americana entrou na casa de R$ 5,20. Com a melhora do apetite ao risco lá fora, na esteira de releitura de números do payroll, o dólar acabou perdendo um pouco da força e encerrou a sessão em baixa de 0,14%, cotada a R$ 5,1622.
Apesar do refresco, a divisa terminou a semana com valorização de 2,69% — em linha com o fortalecimento global. Essa foi a maior alta semanal desde a primeira semana de agosto, quando subiu 3,05%.
O que vem por aí
Na semana que vem, o mercado de câmbio deve continuar sendo marcado pelo futuro da política monetária nos EUA.
No final do pregão de sexta-feira, os investidores fizeram uma releitura do payroll e as bolsas ao redor do mundo acabaram invertendo o sinal e fechando em alto, inclusive por aqui.
Acontece que a próxima semana deve ser marcada pela divulgação do índice de preços ao consumidor norte-americano (CPI, na sigla em inglês) de setembro.
Embora o indicador não seja o preferido do Fed para medir a inflação, deve trazer pistas sobre o que o banco central dos EUA fará na reunião de novembro.
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