Das mais de 21 milhões de empresas em atividade no Brasil, 95% por cento delas são micro e pequenos negócios, incluindo os microempreendedores individuais. O segmento é responsável por 30% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com o Sebrae, e dos quase 1,9 milhão de empregos gerados em 2022, 72% foram criados por essas empresas.
Ainda que os números sejam grandiosos e revelem o enorme potencial econômico das micro e pequenas empresas (MPE), existem alguns fatores cotidianos desses empreendedores que ficam escondidos. Um mapeamento realizado pelo projeto Varejo Inteligente Conecta Brasil, parceria do Sebrae e da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), elencou esses obstáculos com 1.334 MPE de todo o país. Ao serem questionadas sobre quais são os desafios recorrentes enfrentados no dia a dia de suas empresas, as principais respostas foram referentes à gestão do negócio, crescimento das vendas e atração de clientes. Também foram citados problemas com recursos financeiros, pessoal (mão de obra) e produtos.
Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, o programa Varejo Inteligente vai ao encontro do que o pequeno negócio precisa.
A maioria dos empreendedores já tem a capacidade técnica, faltando apenas uma orientação e aquele impulso para virar a chave e crescer. Essa é a função do Sebrae, mostrar o caminho da boa gestão e desmistificar a inovação, com sustentabilidade e inclusão, trazendo uma mudança de mentalidade para o dia a dia. Percebemos que as barreiras enfrentadas por esses empreendedores refletem, acima de tudo, uma necessidade de apoio e fomento ao empreendedorismo do país.
Décio Lima, presidente do Sebrae Nacional.
Gleice Martins montou seu Negócio – um empório de geleias, doces e biscoitos – em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, em plena pandemia. Ainda que a empresa esteja alcançando bons resultados, a empreendedora enfrenta problemas como o aumento do tíquete médio. “Nossa maior dificuldade é aumentar o valor médio de consumo de cada cliente, o que, proporcionalmente, impacta no desempenho das vendas. Outro desafio é crescer a cartela de clientes para gerar e manter o capital de giro”, afirma a participante do projeto Varejo Inteligente Conecta Brasil.
Ainda de acordo com Gleice, o desafio de crescimento da empresa esbarra em outro obstáculo, a carga tributária. “Minha empresa passou de MEI para o Simples Nacional, onde os tributos são maiores. Isso nos trouxe um aumento das despesas que precisa ser absorvido pelas vendas do dia a dia”, destaca a proprietária do D’Casa Sabores.
Para alavancar as vendas, Gleice Martins tem investido em ações como tráfego pago, listas de transmissão no WhatsApp, inserção da empresa nos aplicativos de entrega e variedade do mix de produtos. “Chegamos a um ponto em que é necessário outra visão do negócio, pois estamos imersos nos problemas do dia a dia. Nós também somos operacionais. Para empreender é necessário conhecimento, e sigo em busca do que ainda desconheço para melhorar meu negócio”, diz.
As barreiras enfrentadas pelos micro e pequenos empresários, muitas vezes, estão relacionadas à falta de capacitação técnica. Essa escassez reflete na gestão, no aumento de vendas, no faturamento, e em outros pontos como estoque e controle de caixa.
Marcelo de Souza e Silva, presidente da CDL/BH e do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas.
Ainda segundo o dirigente, esse mapeamento reforça o levantamento do Sebrae que mostra que a maioria das empresas morre em até cinco anos por falta de capacitação.
Avançar em três, quatro anos o que era esperado para dez ou 15
Além das dificuldades práticas, os participantes do projeto também sinalizaram sensibilidade a temas como mudanças do mercado, novas demandas dos consumidores, concorrência, acompanhamento das evoluções tecnológicas e recursos financeiros limitados, além da inovação. “Com os novos cenários econômicos e comportamentais, os empresários precisaram avançar em três, quatro anos o que era esperado para dez ou 15. Em empresas de pequeno porte esse impacto é ainda maior, pois os recursos financeiros e humanos para se adequar são bem menores”, avalia Marcelo de Souza e Silva.
Esse é o caso da empresária Mariza Trevizan, produtora rural que trabalha com a fabricação de temperos e especiarias e participa do projeto Varejo Inteligente Conecta Brasil. O negócio de Mariza, o Empório Mariza…
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