Como já falamos em outras oportunidades, a Gerdau (GGBR4, GOAU4) nasceu da visão empresarial de Johannes Heinrich Kaspar Gerdau, imigrante alemão que saiu do porto de Hamburgo, na Alemanha, rumo ao Rio Grande do Sul em busca de novos empreendimentos. O ano era 1869.
Após atuar em diferentes segmentos, João Gerdau adquiriu em 1901 a fábrica de pregos Ponta de Paris, que veio a se tornar a Gerdau que conhecemos hoje.
Atualmente, a Metalúrgica Gerdau é a maior produtora brasileira de aço e uma das principais fornecedoras de aços longos nas Américas e de aços especiais no mundo, com operações em nove países.
A diversificação geográfica se reflete nos números da companhia. Depois de um bem-sucedido processo de turnaround iniciado na década passada e mais de R$ 7 bilhões em desinvestimentos, a companhia reduziu sua alavancagem financeira, investiu na automação e em melhorias tecnológicas de suas plantas fabris e tem se beneficiado enormemente do ciclo positivo do aço no mundo e das preocupações ESG, já que é a maior recicladora da América Latina.
Com a otimização do portfólio, foi possível notar também um ganho de relevância da operação América do Norte em relação ao todo, tendo em vista que esta passou de 18% de participação no ebitda consolidado em 2014 para 50% nos primeiros seis meses deste ano. Dessa forma, investir em Gerdau é também ter uma parcela relevante de seu capital em moeda forte. Veja o gráfico abaixo, que detalha toda transição desde 2014 até 2023.
Na sequência, falarei sobre as três principais verticais da companhia: Brasil, América do Norte e Aços Especiais, que juntas representam 88% do ebitda consolidado do grupo.
Operação no Brasil
A estrutura do Brasil conta com 13 plantas industriais no Ceará, em Minas Gerais, no Paraná, em Pernambuco, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Além disso, 71 filiais de distribuição de aço, 8 Hubs e 4 Centros de Serviço. A unidade que visitei foi a de laminação de aço em Ouro Branco, Minas Gerais.
Na operação Brasil, que representa 25% do ebitda da companhia, o mercado de atuação é dividido em basicamente três:
- Construção – 20% (civil, metálica, fundações e contenções);
- Indústria – 25% (energia, agricultura, etc.);
- Distribuição – 55% (Comercial Gerdau, varejo agro e construção).
Em termos de perspectivas de mercado, a companhia entende que o setor de construção civil seguirá em patamares elevados, com boas expectativas especialmente para habitação social e infraestrutura. Como existe um delay de aproximadamente 18 meses entre o lançamento e a compra dos materiais, deveremos começar a sentir nos próximos trimestres um aumento de procura por aço para os lançamentos que foram realizados no início do ano passado.
Para a indústria, o cenário segue mais delicado em diversos setores, com exceção para o segmento de óleo e gás, que segue com boas perspectivas. Por fim, para os setores de varejo e agro, existe uma perspectiva de melhores condições de crédito e renda, o que deverá permitir um aumento do consumo.
O grande desafio da operação Brasil atualmente está ligado com os grandes volumes de importação do aço chinês, que tem utilizado políticas predatórias. Atualmente, de todo aço importado para o Brasil, 50% é proveniente da China, que muitas vezes vende o produto abaixo do custo de fabricação. Desse modo, enquanto o governo brasileiro não colocar uma taxação contra o aço chinês, tal qual diversos países têm feito nos últimos anos (EUA, México e Turquia, por exemplo), deveremos ver um desempenho aquém do esperado para a companhia.
Por fim, em termos de alocação de capital e execução dos investimentos, a companhia anunciou que investirá R$ 6 bilhões no Brasil que serão distribuídos ao longo dos próximos três anos para a construção de uma nova plataforma de mineração com empilhamento a seco e mineroduto que vai escoar a matéria-prima diretamente para a unidade de Ouro Branco, crescimento da capacidade de aço plano, expansão de 20% da sua base florestal em Minas, bem como crescimento de capacidade de perfis estruturais.
Na foto abaixo, destaquei a barragem de disposição de rejeitos, que não é mais utilizada desde fevereiro deste ano e, portanto, todo o processamento passou a…
Read More: uma análise do presente e do futuro da gigante do aço brasileiro