Uma apresentação mundial antecipada no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, com pormenores descritos sem cerimônia, mostram que a Renault tem ambições para o Kardian (foto) nos mercados brasileiro e sul-americano. A arquitetura foi desenvolvida a partir do zero sem nenhuma ligação com a subsidiária romena Dacia e os atuais Sandero, Logan e Duster. O visual lembra o de um SUV, mas tem identidade mais próxima de um hatch com altura de rodagem elevada.
Linhas são de um autêntico Renault. Frente imponente com o novo logotipo da marca, grupo óptico dianteiro em três níveis (de cima para baixo: DRL, faróis alto/baixo e de longo alcance no para-choque), rodas de liga leve de 17 pol. e lanternas traseiras em forma de “C”.
O interior é amplo para referências do segmento graças aos 2.604 mm de entre-eixos e comprimento de 4.119 mm proporcionando bom espaço para pernas no banco traseiro. Quadro de instrumentos digital de 7 pol., multimídia de 8 pol., freio de estacionamento eletromecânico com autoimobilização do veículo nas paradas e porta-malas de 410 litros tornam o Kardian um produto bastante competitivo na faixa de preço do Nivus e do Pulse. Estima-se algo a partir de R$ 115.000 quando chegar às concessionárias em março próximo
Para acompanhar a nova arquitetura, a Renault desenvolveu um novo trem de força de 1 litro, três cilindros, turbo flex, de 125 cv e 22,4 m·kgf de torque com etanol. Não se adiantaram pormenores, mas esta é a maior densidade de torque entre os motores produzidos no Brasil por qualquer marca.
Outra escolha bem-vinda é o câmbio automatizado de duas embreagens a banho de óleo, de seis marchas (descartado o câmbio manual). Trata-se de uma caixa mais prazerosa de usar e, segundo o fabricante, permitirá uma economia de combustível até 20% superior a um CVT. O Kardian será produzido no Brasil no Complexo Ayrton Senna em São José dos Pinhais, região da Grande Curitiba.
No mesmo evento a Renault apresentou uma picape conceitual, com o codinome Niagara, desenvolvida sobre a mesma arquitetura. Entre suas características destacam-se tração 4×4 híbrida (na frente um motor a combustão híbrido e atrás um motor elétrico), dois conjuntos mola-amortecedor por roda, além de uma parte frontal e rodas com desenhos dos mais arrojados. A versão final, sem data prevista, terá estilo menos arrojado.
Incentivos para elétricos começam a diminuir
Não se trata de criticar ou aplaudir, mas ter uma visão racional sobre o assunto. Novas tecnologias precisam mesmo ser incentivadas na forma de redução de impostos. Afinal, veículos elétricos apesar de suas indiscutíveis vantagens no controle da poluição local, têm preço elevado e outras limitações como alcance em estradas, tempo de recarga, além de exigência de uma rede capilar de pontos de carregamento da bateria.
Porém, isenção ou diminuição de impostos dever ser algo racional. Hoje nove Estados e o Distrito Federal oferecem algum tipo de incentivo com prazos diferentes de validade. São Paulo tem a maior frota de veículos convencionais e, claro, também de elétricos. Mas houve desentendimento quando o governador Tarcísio de Freitas vetou a lei aprovada pela Assembleia Legislativa (AL) que isentava todos os elétricos do IPVA.
Em seguida, o governador enviou um projeto de lei à AL com uma proposta de zerar o IPVA já em 2024 apenas para híbridos com motor flex etanol/gasolina. Em Minas Gerais a isenção só vale para veículos elétricos produzidos no Estado.
Por sua vez, o Governo Federal deve anunciar um aumento gradativo do imposto de importação (I.I.) de elétricos ao longo de quatro anos, começando por 9% em 2024 até atingir 35% de I.I. em 2027.
Já comentei que “virar a chave” de combustão para eletricidade é um processo muito caro e lento, que não pode se conduzir apenas por voluntarismo. Precisa haver cautela. A Alemanha acabou de dar este exemplo. Desde 1º de setembro último, zerou o subsídio para as importantes vendas corporativas de automóveis elétricos e a demanda caiu drasticamente.
Como resultado, as vendas da Tesla recuaram 69% frente a agosto e a VW, líder de mercado, também sofreu bastante. Em janeiro de 2024, o governo alemão rebaixará os carros elétricos elegíveis a incentivos do preço sugerido de 65.000 euros (R$ 348.000) para 45.000 euros (R$ 240.000). E o desconto subsidiado encolherá de 4.500 euros (R$ 24.000) para 3.000 euros (R$…
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