NÃO ADIANTOU DE NADA
Bom dia, pessoal.
Os investidores brasileiros estão experimentando uma dinâmica desvinculada dos movimentos internacionais, principalmente devido às tensões fiscais que estão novamente minando a confiança nas expectativas locais.
Apesar dos índices em alta na Europa e nos futuros dos EUA, as coisas não devem ser tão fáceis por aqui.
Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez uma tentativa de suavizar a situação após os comentários de Lula na sexta-feira, mas seus esforços não surtiram efeito. O ministro não conseguiu convencer o mercado.
Além disso, no cenário internacional, estamos digerindo os resultados da reunião do Banco do Japão (BoJ), que não trouxe novidades, e a queda do índice PMI na China, o que afeta negativamente os preços das commodities nesta manhã e pode ter impactos no Brasil.
Na agenda internacional, os investidores estão acompanhando os dados de inflação e do PIB do terceiro trimestre na Zona do Euro, que ficaram aquém das expectativas.
Além disso, todos estão ansiosos pela reunião do Federal Reserve (Fed) nos EUA, que começa hoje e termina amanhã.
Atualmente, a ferramenta da CME Group indica uma probabilidade de 98% de que o Fed manterá as taxas inalteradas esta semana. No entanto, o que realmente importa é o comunicado que acompanhará essa decisão.
A ver…
00:46 — Palavras ao vento
Na realidade, a declaração do ministro Haddad na manhã de ontem não teve qualquer impacto significativo por aqui. O ministro parecia visivelmente preocupado e até ficou irritado com as perguntas sobre a possibilidade de mudança na meta fiscal.
Em outras palavras, seus esforços não conseguiram convencer o mercado, que continua sem saber qual direção o governo tomará nas próximas semanas. O clima está tenso, mas isso não significa que o jogo terminou.
Durante a coletiva, Haddad mencionou ter identificado alguns dos principais problemas na arrecadação, que continua em declínio mesmo com o crescimento do PIB.
Ele destacou duas distorções fiscais que remontam a 2017:
i) a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que excluiu o ICMS da base de cálculo do PIS/Confins; e
ii) o sistema de subvenção do ICMS, que permite que as empresas descontem os incentivos fiscais concedidos pelo ICMS.
De fato, essas questões são fundamentais para explicar a queda na arrecadação, mas não são as únicas, uma vez que várias outras variáveis também estão influenciando esse cenário.
Em busca de avanços na agenda fiscal, o presidente Lula está se envolvendo diretamente para apoiar Haddad nas negociações.
Como parte disso, o líder do governo na Câmara convocou líderes para uma reunião com Lula e Haddad nesta manhã. Lula pretende aproveitar esse encontro com os líderes para discutir a aprovação da medida provisória (MP) que trata da subvenção de ICMS.
Caso o Congresso não aprove o texto, o Ministério da Fazenda está considerando recorrer ao STF, uma vez que as mudanças nas subvenções de ICMS são consideradas pela equipe econômica como uma das principais medidas para eliminar o déficit primário do próximo ano.
Além disso, durante essa reunião, Lula poderá reafirmar seu apoio ao ministro, após tê-lo constrangido na sexta-feira.
Ainda há o parecer preliminar do projeto de lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, que nem mesmo foi debatido esta semana. É uma corrida contra o tempo e a curva de juros sabe disso.
01:59 — A situação do BC
Certamente, esta semana todos os olhares estão voltados para o Banco Central devido à reunião de Política Monetária (Copom), que começou hoje e terminará amanhã.
No entanto, as recentes nomeações para as diretorias do BC nem receberam a devida atenção. Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira foram apresentados antes da coletiva de ontem, numa tentativa de melhorar o ambiente, mas essa iniciativa não surtiu o efeito desejado.
Infelizmente, no contexto geral, o mercado não deu a devida importância a essas nomeações, por mais positiva que tenha sido a sinalização.
Paulo Picchetti é um economista amplamente reconhecido, especializado em econometria e análises quantitativas.
Por sua vez, Rodrigo Teixeira é menos conhecido, mas é um profissional de carreira do próprio Banco Central.
Ele desempenhou um papel importante na reestruturação das carreiras dos servidores públicos da prefeitura de São Paulo e, espera-se que faça o mesmo no BC,…
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