No mundo inteiro fala-se que a economia criativa tem um lugar importante na crescente economia global. Mas há 15 anos, os termos economia criativa e indústrias criativas nem sequer existiam. De onde surgiram? Essas práticas são realmente novas?
A resposta é sim e não. Por um lado, sabemos que as indústrias culturais são tão antigas quanto a humanidade. Por outro lado, as mídias digitais e as milhares de empresas criativas que vêm se tornando possíveis pelas tecnologias digitais são novas.
Também são novos muitos dos bens e serviços próprios de um mercado global cada vez mais sofisticado. Mas sempre existiu o desejo de criar coisas que vão além da dimensão utilitária, criar coisas belas ou que comunicam um valor cultural pela música, teatro, entretenimento e artes visuais, ou, ainda, estilo e moda. Sempre haverá pessoas com a imaginação e os talentos necessários para criar, assim como pessoas que pagarão por esta criação. Esta é a base da economia criativa.
Na atualidade, os estudiosos notam que enquanto é relativamente fácil identificar o tamanho e o valor de indústrias como a da moda ou publicidade, não é fácil conseguir captar o impacto do desempenho de tarefas criativas em indústrias não criativas ou culturais.
:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::
Nesse sentido, um estudo do Fundo Nacional para a Ciência, Tecnologia e Artes do Reino Unido (Nesta) confirmou que existem mais pessoas criativas trabalhando fora das indústrias criativas do que dentro delas. O estudo concluiu que seria um erro enorme desconhecer que as indústrias criativas são apenas a ponta do iceberg da abrangente economia da cultura. Essa é uma das razões pelas quais a economia criativa é tão difícil de definir e medir.
Diante disso, cabe refletir: a economia tradicional está consegue atribuir valores à Economia Criativa? Para o Professor de Economia Cultural da Erasmus University, Arjo Klamer, tratando-se da economia criativa essa imagem é enganadora.
O estágio criativo da economia é sobre ideias e imagens, sobre significados. Música, design, arquitetura, moda, jogos, artes, internet etc. Todos esses bens adquirem valor por meio de transações econômicas, e o produto interno bruto não é capaz de contabilizar esse valor.
O valor de uma marca, por exemplo, pode ser determinado a partir de diversas perspectivas: resultados financeiros de um produto, valor de uma marca ao introduzir novos produtos e valor da marca baseado nos pensamentos, sensações e hábitos do cliente.
Mas como formar indicadores consistentes na área da cultura, tal qual os que temos na economia tradicional? Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), os indicadores devem reduzir a dimensão observada, medir quantitativamente o fenômeno observado e, por último, devem transmitir a informação referente ao objeto de estudo.
No caso da economia da cultura, a determinação do indicador não pode estar descolada do contexto sociocultural em que se dá esse processo, em especial pelo fato de a cultura ser um fenômeno socialmente estabelecido, que sofre influência tanto do valor econômico, quanto do simbólico.
Economia de Museus
No âmbito da Economia Criativa, a modalidade Economia de Museus surge com muitas incógnitas: o objetivo da economia da cultura é justificar a implementação de políticas públicas? Gerar estatísticas culturais? Indicadores? É possível que a economia tradicional com todos seus dispositivos possa alcançar as especificidades de um agente como um museu?
Quando se pensa em economia da cultura não se pode deixar de levar em conta a complexidade das relações que envolvem as instituições de arte, as abordagens da sociologia da cultura, da história da arte, e o formato específico a tais organizações.
Mas, por outro lado, é fundamental estabelecer um sistema de informação que possa sustentar a implementação de políticas públicas culturais, como critérios de definição dos agentes culturais e marcos teóricos,…
Read More: Artigo | Economia tradicional, criativa e de museus