As empresas de varejo vivem um verdadeiro inferno astral e que se reflete tanto nos balanços publicados nos últimos dias como nas cotações das ações na B3. Mas nesta sexta-feira (10) a C&A (CEAB3) chama a atenção pelo motivo contrário: os papéis disparam mais de 20% e lideram os ganhos do pregão.
Dessa vez, o avanço não está totalmente relacionado com o alívio dos juros futuros (DIs) — que operam em queda após a desaceleração da inflação em outubro.
Até porque o movimento com as ações da C&A contrasta com o da Lojas Renner (LREN3), cujas ações reagem em queda de mais de 4% nesta sexta-feira.
A disparada da C&A na bolsa hoje tem outro motivo: o balanço do terceiro trimestre. E isso mesmo com a varejista de moda apresentando um prejuízo líquido de R$ 44,2 milhões.
Apesar de fechar as contas no vermelho, os resultados superaram as expectativas do mercado e vieram melhores do que no mesmo período do ano passado — quando a C&A teve prejuízo líquido de R$ 61,4 milhões.
A geração de caixa também foi positiva em R$ 343 milhões, refletindo a melhora nos resultados operacionais e menor nível de investimentos no trimestre encerrado em setembro.
Na visão da Genial Investimentos, a aceleração do ritmo de crescimento e contínuos ganhos de rentabilidade provenientes de melhorias nos modelos de distribuição e precificação são os pontos positivos do resultado trimestral.
Para a corretora, a coleção de primavera/verão também impulsionou as vendas do trimestre, mesmo com o preço menor do que a coleção anterior.
Já para a XP Investimentos, o bom resultado obtido na época das flores e a chegada do verão atestaram a capacidade da C&A de testar modelos e escalar de forma rápida dentro da temporada.
Além disso, o aumento de vendas nas lojas localizadas em pontos de concentração de classes de rendas mais alta também foi destaque no balanço trimestral da companhia.
Rentabilidade é o destaque
O modelo de distribuição Push&Pull que, em linhas gerais, é uma estratégia de marketing para “empurrar produtos para o cliente” e fidelizá-los por meio de uma precificação dinâmica contribuiu para a melhora dos resultados da C&A.
Com essa estratégia, a varejista conquistou um crescimento na margem bruta consolidada, que chegou a 51,7%, uma alta de 238 pontos-base (bps) na comparação anual.
“A rentabilidade surpreendeu positivamente, evidenciando os benefícios da otimização que vem sendo implementada pela companhia”, escreveram os analistas Nina Mirazon, Iago Souza e Vinicius Esteves, que assinam o relatório da Genial Investimentos.
Outros números de C&A
A receita líquida consolidada da varejista de moda cresceu 10% na comparação anual, com forte desempenho das vendas nas lojas e alcançando uma alta de 12,5% no SSS — indicador que mede o número de vendas nas mesmas lojas, ou seja, não considera unidades abertas no período.
O crescimento das vendas SSS da C&A foi maior do que o obtido pelas Lojas Renner (+0,6%) e Guararapes, dona da Riachuelo (+10%).
Em serviços financeiros, a varejista reportou receita líquida de R$ 86,2 milhões, um crescimento de 17,4% em relação ao ano passado.
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Lojas Renner (LREN3) não tem a mesma sorte
As Lojas Renner (LREN3), que também divulgou os resultados na noite de quinta-feira, reportou lucro líquido de R$ 172,9 milhões no terceiro trimestre, uma queda de 32,9% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado também recuou 21,1% na base anual, totalizando R$ 362,6 milhões.
Em reação, as ações da varejista recuavam 4,80%, a R$ 12,90 na B3, por volta de 16h20 (horário de Brasília).
Apesar do resultado mais fraco já esperado, os analistas do Itaú BBA destacaram a baixa rentabilidade do segmento financeiro da Renner, a Realize, que registrou um Ebitda negativo.
“No…
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