Eleito presidente da Federação Brasileira de Treinadores de Futebol (FBTF), Vagner Mancini deu entrevista ao ge entre a demissão do América-MG, dia 7 de agosto, e a chegada ao Ceará, dia 30.
São 20 anos de carreira – tempo superior ao de meio-campista profissional – e mais de 20 equipes treinadas. Nesse período, mudou de ideia sobre seu modelo de jogo, um dia se encantou com o argentino Marcelo Bielsa, mas hoje representa luta por espaço para brasileiros na elite do país.
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Confira a entrevista de Vagner Mancini no Abre Aspas
- Nome: Vagner Carmo Mancini
- Nascimento: 24 de outubro de 1966 (56 anos), em Ribeirão Preto (SP)
- Carreira como jogador: principais clubes, Guarani, Portuguesa, Bragantino, Grêmio, Honda (Japão), Coritiba, Ponte Preta, Figueirense, Sport, Ceará, Ituano e Paulista
- Carreira como treinador: Paulista, Al-Nasr, Grêmio, Vitória, Santos, Vasco, Guarani, Ceará, Cruzeiro, Sport, Náutico, Athletico, Botafogo, Chapecoense, São Paulo, Atlético-MG, Atlético-GO, Corinthians, América-MG e Ceará
- Títulos como jogador: Campeão gaúcho e da Libertadores pelo Grêmio (1995), campeão cearense pelo Ceará (2002) e catarinense pelo Figueirense (2003).
- Títulos como treinador: Copa do Brasil com o Paulista (2005), campeonatos baianos com o Vitória (2008 e 2016), campeonatos cearense com o Ceará (2011) e catarinense com a Chapecoense (2017).
A maioria dos times da Série A tem técnico estrangeiro, chegaram a ser 13 contra 7 brasileiros. A CBF quer um estrangeiro para treinar a seleção. O que aconteceu com os técnicos brasileiros?
— A gente vive um momento de desvalorização do profissional brasileiro, sendo que a seleção tem cinco títulos mundiais com profissionais brasileiros. Tem dois títulos olímpicos. Mas é óbvio que hoje a gente vive esse momento (de desvalorização). Essa é uma preocupação minha à frente da FBTF (Federação Brasileira dos Técnicos de Futebol) porque nós temos que valorizar os treinadores brasileiros. Em primeiro lugar porque somos brasileiros. Em segundo lugar porque temos grandes conquistas com treinadores brasileiros.
— O que aconteceu nos últimos anos é que a chegada de técnicos estrangeiros que deram certo são muito contadas. Todo mundo conta essas histórias. Mas de quem não deu certo, ninguém fala nada. Temos uma lista extensa de quem chegou aqui, bateu e voltou.
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Essa percepção de que os estrangeiros são melhores, então, é equivocada?
— A dificuldade que eu enfrento quando jogo contra o Dorival, Fernando Diniz, Cuca, Rogério Ceni, não vou lembrar o nome de todos, e quando enfrento o Abel Ferreira, Jorge Jesus, Pedro Caixinha, Pepa, Luis Castro, é igual.
— Sinceramente não entendo porque a visão das pessoas é diferente. Eu não consigo entender. Bons profissionais existem em qualquer lugar do mundo. Bons treinadores, bons jogadores, bons jornalistas, existem em qualquer lugar do mundo. Assim como péssimos treinadores, péssimos jogadores e péssimos jornalistas. Nós temos um grupo de treinadores brasileiros que estão, sim, qualificados como os estrangeiros de primeiro mundo. Eu tenho certeza.
O ambiente do nosso futebol – com as demissões muito frequentes, instabilidade – não acaba por tirar a atrapalhar o técnico brasileiro? No sentido de todo jogo sempre estar ameaçado e ter que defender seu emprego, e por isso ser menos ousado?
— Vou falar por mim. Não tenho medo de perder emprego. Mas vejo essa situação no Brasil. Tudo converge para que caia em cima do treinador. E o [técnico] brasileiro sofre mais do que o estrangeiro, porque o…
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