Conheça a trajetória de José Bonifácio Coutinho Nogueira, empresário que fundou a EPTV
Empresário, produtor rural, ex-secretário Estadual de Agricultura e de Educação… O resumo da trajetória de José Bonifácio Coutinho Nogueira, fundador da EPTV que completaria 100 anos neste domingo (3), não cabe no primeiro parágrafo deste texto jornalístico. O “lide”, como é conhecido este espaço, deve condensar os fatos mais relevantes da reportagem que virá a seguir, mas ficaria devendo se tentasse revisitar em poucas palavras os 78 anos de uma vida com atuações em vários setores.
Coutinho Nogueira é pai de seis filhos (cinco homens e uma mulher), e foi casado por quase 54 anos – dos 24 anos de idade até a morte, em 2002 – com Maria Theresa Castro Prado Coutinho Nogueira. Na trajetória profissional, tem relação especial com três eixos: política, educação e comunicação.
Advogado de formação, ele foi pioneiro algumas vezes ao longo a vida. Presidiu a UNE entre 1946 e 1947, quando a entidade rompeu com a ditadura de Getúlio Vargas. Em 1958, assumiu a Secretaria Estadual de Agricultura e criou o primeiro programa de revisão agrária do país e a Central de Abastecimento (Ceasa) de São Paulo – dois projetos inovadores com desfechos diferentes.
Se por um lado a revisão agrária foi encerrada quando ainda rendia os primeiros frutos, as centrais de abastecimento se expandiram e, atualmente, são referência comercial nas regiões do estado de São Paulo.
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Mas, o que foi a revisão agrária?
A lei estadual de revisão das posses de terras foi aprovada e publicada em 1960. Coutinho Nogueira partiu da visão de que “o interior estava se esvaziando e as cidades se congestionando por excesso populacional”.
“O parcelamento da terra era a coisa mais sensata na época”, afirmou em entrevista de 1997.
A ideia era simples: como o imposto territorial rural era responsabilidade do estado, terras improdutivas seriam taxadas de forma mais incisiva e a arrecadação seria usada com viés social, financiando indenizações de desapropriações que se fizessem necessárias. Os novos beneficiários seriam pessoas ligadas às terras – ou seja – trabalhadores rurais que entendiam os processos de produção.
“Houve progresso. Nós fizemos uns cinco ou seis assentamentos com defeitos e qualidades diferentes”, resumiu o empresário, na mesma entrevista. O projeto foi sufocado quando a autoridade sobre o imposto territorial rural migrou do governo estadual para o federal, o que inviabilizou a continuidade.
Da derrota eleitoral à criação da TV Cultura
Com a experiência na Secretaria de Agricultura, Coutinho Nogueira recebeu apoio de Carvalho Pinto para concorrer à sucessão no governo estadual. Foi derrotado por Adhemar de Barros nas eleições de 1962, experiência que elencou como a mais desgastante da trajetória profissional.
“Do ponto de vista de sofrimento pessoal, eu não teria sido candidato a governador. (…) Enfrentar Jânio [Quadros] e Adhemar, com todas as máquinas e desaforos que eles têm capacidade de dizer, foi um período muito pesado”.
Após o revés, começou a criar raiz com a comunicação. Em 1967, tornou-se o primeiro presidente da Fundação Padre Anchieta e instalou a TV Cultura, que havia sido comprada pelo governo dos Diários Associados. A emissora se tornou, então, o primeiro canal educativo do estado.
À frente da TV Cultura, firmou as diretrizes que ainda orientam a programação, ao aliar comunicação, educação e cultura.
“[Ele] deu a linha de trabalho que nós seguimos até hoje, que é o tripé cultura, educação e informação, além da independência e imparcialidade que dão…
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