A compra de imóveis como investimento é um hábito — ou um desejo — comum entre os brasileiros. A possibilidade de obter uma renda mensal com o aluguel e a própria valorização da propriedade são os principais atrativos, mas será que, financeiramente, essa estratégia oferece retornos maiores que uma aplicação na renda fixa?
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A resposta depende de alguns fatores, como a taxa de juros praticada no momento da compra, o preço dos imóveis, o potencial de valorização e o objetivo desse investimento. Levantamento realizado pelo E-Investidor mostrou que, entre janeiro de 2018 e novembro de 2023 os aluguéis tiveram um aumento nominal de 51,41%, quase na mesma proporção dos ganhos com aplicações de renda fixa corrigidas por 100% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI, a principal referência de rentabilidade), que foram de 52,29% no período.
Considerando a valorização de casas e apartamentos nesse intervalo, porém, o lucro dos proprietários foi ainda maior. A média de preço do metro quadrado no País avançou 21,67% nesses 71 meses. Foram utilizados como base os dados nacionais das pesquisas de venda e locação residencial do FipeZAP.
“Quando você compra um imóvel, há duas fontes de receita. A primeira está ligada à valorização do bem. Fora isso, tem a receita do aluguel. Somadas, podem ganhar do CDI. Mas é preciso lembrar que a valorização do imóvel é intangível, depende da oferta e da demanda. Uma coisa é o quanto vale, outra coisa é por quanto consegue vender”, explica o professor de Finanças Cristiano Corrêa, coordenador no Ibmec SP.
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Para que o empreendimento no mercado imobiliário valha a pena, o investidor precisa observar as condições de mercado. Se a ideia é garantir que haja valorização do bem, a compra deve ser feita em um momento de baixa dos preços — mesmo princípio do mercado de ações. Além disso, se o objetivo for alugar o espaço, o proprietário deve optar por construções com boa localização e que tenham demanda de locação.
“Um dado importante para a locação é a proximidade do bem em relação ao local de trabalho do inquilino. A demanda maior ocorre por aqueles que têm boa infraestrutura de transporte e estejam em áreas movimentadas”, diz Ely Wertheim, presidente executivo do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), que representa as companhias do mercado imobiliário.
Tempestade perfeita
Em alguns momentos, as condições de mercado formam uma espécie de “tempestade perfeita” positiva para o investimento no mercado imobiliário. Foi o que aconteceu em 2020, no primeiro ano de pandemia de covid-19, quando o Brasil tinha uma taxa básica de juros, a Selic, em 2% ao ano e o preço dos imóveis vinha de um período de estagnação.
Em 2021, com a percepção de que as medidas de isolamento social poderiam durar mais tempo e de que o trabalho remoto passaria a ser uma possibilidade permanente, o mercado imobiliário voltou a se movimentar e os preços começaram a disparar. Quem comprou uma casa ou um apartamento como investimento antes da pandemia, portanto, hoje está colhendo os frutos.
É o caso do funcionário público Gabriel da Silva, de 33 anos, que adquiriu seu apartamento em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, no início de 2020. Ele recebeu dos pais uma ajuda para complementar o valor da entrada e financiou o restante, aproveitando os juros baixos para o crédito imobiliário naquele momento.
Em janeiro de 2020, o metro quadrado em Ipanema estava, em média, a R$ 18.323, segundo dados do FipeZAP. Em novembro de 2023, custa R$ 21.450, uma valorização de 17%. Hoje, ele aluga o espaço na plataforma Airbnb e, além da valorização do bem, também…
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