Prédio onde funcionava o Instituto Izabela Hendrix, na rua da Bahia, está alugado para a rede Decisão e tem uma escola com 600 alunos | Foto: Izabela Hendrix / Flickr
Será leiloado nesta sexta-feira (15), às 14 horas, o prédio do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, que ocupa um quarteirão inteiro da rua da Bahia, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte. O imóvel onde funcionava o campus Praça da Liberdade está alugado atualmente para a rede Decisão, que desde 2021 mantém ali uma escola com 600 alunos, além de uma histórica capela para a comunidade metodista. O Izabela Hendrix também ocupava o espaço com aulas de graduação em outro turno, mas deixou o prédio no início de 2023.
O imóvel deverá ser disputado no leilão pela própria rede Decisão, em parceria com a Ânima Engenharia, e pela Sociedade Mineira de Cultura, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). A venda é para o pagamento de credores no Plano de Recuperação Judicial do Grupo de Educação Metodista, apresentado em 2021, com rombo próximo a R$ 1,7 bilhão.
O prédio na rua da Bahia está avaliado em R$ 90,8 milhões, de acordo com o edital apresentado nas redes sociais do escritório leiloeiro Norton Jochims Fernandes, de Porto Alegre (RS), que vai conduzir o processo. Mas caso a rede Decisão ou outro interessado não apresente uma proposta acima de R$ 80 milhões, a PUC será declarada vencedora da disputa por esse valor por ser a detentora do Stalking Horse, que é uma primeira proposta, firme e vinculante.
O gestor da rede Decisão, Daniel Machado, afirma que consegue igualar o valor da proposta da PUC com o apoio de investidores, mas que teve pouco tempo para levantar essa quantia à vista, com pagamento em até 90 dias, como propõe a universidade católica. E ele contesta a forma como o processo foi feito.
“Eu fui notificado em setembro e tinha que juntar R$ 80 milhões até dezembro. É muito dinheiro, não é pouco. Foi uma decisão do juiz da recuperação judicial, eu não tenho muita escolha. Só para você ter ideia, eu fui notificado para que a rede Decisão saia do prédio. E estou tentando reverter isso de alguma forma”, afirma.
Daniel Machado estuda até mesmo entrar com um embargo judicial para impedir que a PUC arremate o prédio no leilão desta sexta-feira ou para que o processo seja adiado por alguns dias.
“É possível, até porque como eu sou inquilino, eu tenho direito de preferência pelo Código Civil. Então mesmo que a gente não consiga ganhar o leilão, existe algo que não foi respeitado nesse rito de recuperação judicial. Eu entendo que o processo de recuperação judicial corra diferente do Código Civil, mas existe um debate jurídico sobre o assunto”, explica Machado.
Apesar da disputa com a PUC, a rede Decisão já fechou um acordo com a universidade para alugar o prédio até 2041, caso não consiga arrematar o imóvel. Ou seja, os 600 alunos não serão prejudicados de forma alguma.
Outra questão contestada pelo gestor da rede Decisão também é bastante delicada: o futuro da capela para a comunidade metodista. O grupo diz que manterá o espaço, que pode ser descontinuado pela PUC.
“É possível fazer lá um empreendimento mantendo a escola e a capela. Os metodistas chegaram em Belo Horizonte em 1904, naquela época com 15 mil dólares. Foi Marta Watson, uma americana missionária, quem começou essa história, naquele prédio que começou a ser construído em 1937 e foi concluído em 1940. Desde então, lá tem uma capela metodista. O que é muito estranho na proposta da PUC e está lá no site do leilão é que a capela deixa de existir, se eu não me engano, num prazo de dois anos”, afirma Daniel Machado.
A assessoria de comunicação da PUC Minas foi procurada na última noite para dar a versão da universidade sobre a disputa desta sexta-feira e sobre o futuro da capela metodista. Com a resposta, essa matéria será atualizada.
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