O dado divulgado nesta sexta-feira (31) pelo IBGE sobre o desemprego no País em fevereiro corrobora as visões de que o mercado de trabalho passa por um abrandamento gradual no momento, afirmam analistas. A contínua queda na taxa de participação – a porcentagem de pessoas em idades de trabalhar – e a redução na ocupação são fatores ajudam nessa percepção dos especialistas.
Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), a taxa média de desemprego no Brasil chegou a 8,6% no trimestre encerrado em fevereiro, uma alta de 0,5 ponto porcentual em comparação com o trimestre anterior (entre setembro e outubro).
Rafael Perez, economista da Suno Research, destacou que a população ocupada ficou em 98,1 milhões de pessoas, uma queda de 1,6% ante o trimestre anterior.
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“Esse é o segundo mês consecutivo de piora do mercado de trabalho, revertendo a trajetória de forte melhora que ocorreu ao longo de 2022. Isso é reflexo dos efeitos cumulativos do ciclo de alta das taxas de juros, aumento da inadimplência e perda de tração da atividade econômica, principalmente do setor de serviços que costuma ser o segmento que mais contrata”, explica.
Perez faz a ressalva que existe uma certa sazonalidade nos trimestres encerrados em fevereiro, marcados por aumento do desemprego por conta de dispensas de trabalhadores temporários contratados durante o período de festas.
Mas ele reafirma que já se nota uma perda de dinamismo do mercado de trabalho, que poderá ser moderada com as recentes medidas que tendem a incentivar o consumo e sustentar a demanda em um nível estável, possibilitando uma queda menor no emprego e na atividade econômica.
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O Goldman Sachs lembra em relatório que o emprego total ficou praticamente estável em fevereiro – interrompendo uma sequência de cinco quedas mensais consecutivas – e que o aumento do emprego informal compensou amplamente o declínio do emprego formal, que tem caído nos últimos quatro meses. A taxa de informalidade do trabalho, por exemplo, subiu 0,2 pp para 40,3% aa.
O banco de investimento, destaca que taxa de participação na força de trabalho caiu de 62,2% no trimestre encerrado em fevereiro do ano passado para 61,7% e que o número de indivíduos fora da força de trabalho ativa aumentou em 200 mil (+0,2%) em fevereiro em relação a janeiro.
“Esperamos que o mercado de trabalho abrande ainda mais nos próximos trimestres, dada a expectativa de crescimento abaixo da tendência no 1° semestre”, prevê o banco, acrescentando que a taxa de desemprego também pode sofrer influência do número ainda considerável de trabalhadores desanimados fora da força de trabalho – algo perto de 4 milhões de pessoas, ou 3,7% da força de trabalho ativa), que podem começar a procurar emprego.
Teto para rendimentos
Para Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, a mensagem enviada pelos dados não mudou: emprego recua gradualmente e os rendimentos reais parecem se aproximar do teto. Segundo as métricas da XP, a taxa de desemprego mensalizada, já com ajuste sazonal ,ficou estável em 8,6% entre janeiro e fevereiro, após três altas consecutivas na margem. Isso após a taxa de desocupação ter chegado a 8,2% em outubro de 2022.
Em relação aos resultados desagregados, o economista…
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