A Polícia Federal apresentou um requerimento junto à Segunda Vara Federal Criminal da Bahia pedindo a alienação antecipada de 336 diamantes que foram apreendidos com o ex-secretário de Estado de Ciência e Tecnologia, Nilton Borgato. As pedras preciosas foram apreendidas durante a deflagração da Operação Descobrimento, em abril de 2022.
O pedido foi solicitado pela Corregedoria Regional da Polícia Federal no último dia 12 de março, juntamente com um requerimento de alienação de cinco relógios apreendidos com a doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama. Segundo um relatório feito pelo órgão, foram encontrados na cama de Borgato 12 sacos transparentes, com 336 diamantes, sendo o material avaliado em R$ 383.163,50 e pesando 62,9 gramas.
Já os relógios das marcas Cartier, Jeager-Le Coutre, Officina Del Tempo, além de dois Bvlgari, apreendidos com a doleira, estariam avaliados em R$ 226 mil. Para justificar o pedido de alienação antecipada, a Polícia Federal apontou que o dispositivo tem sido regra sobre os bens sequestrados em operações.
No entanto, o Ministério Público Federal (MPF) entendeu que a solicitação relacionada aos diamantes não deveria ser atendida, já que em outra ação, um requerimento semelhante foi negado. O órgão ministerial, porém, afirmou que os relógios poderiam sim ser alvos da alienação antecipada.
O pedido será analisado pelo juízo da Segunda Vara Federal Criminal da Bahia. Nilton Borgato é um dos alvos da Operação Descobrimento, deflagrada para desbaratar um esquema de envio de drogas de Mato Grosso para Portugal e foi preso em um apartamento em Cuiabá.
No local, a Polícia Federal apreendeu pedras de diamante e em sua residência em Glória D’Oeste, foram apreendidos dois veículos de luxo. Ele foi titular da Seciteci entre 2019 e março deste ano, quando deixou a Pasta para viabilizar sua candidatura a deputado federal nas eleições de outubro.
O ex-secretário foi prefeito de Glória D’Oeste, cidade que está localizada na faixa de fronteira com a Bolívia. As investigações da Polícia Federal apontaram ainda que era Nilton Borgato, conhecido no grupo como Índio, que facilitava a entrada da cocaína em Mato Grosso, originada da Bolívia.
Ao todo, a Operação Descobrimento cumpriu 43 mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão preventiva nos estados da Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco. Em Portugal, com o acompanhamento de policiais federais, a polícia portuguesa cumpriu três mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva nas cidades do Porto e Braga.
As investigações tiveram início em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador (BA) para abastecimento. Após apresentar problema em um dos três motores e ser inspecionado por equipes de mecânicos da empresa responsável pela manutenção, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave.
A droga era transportada no avião de uma empresa privada ligada ao lobista Rowles Magalhães Pereira da Silva, que ficou conhecido por denunciar um esquema de propinas nas obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A partir da apreensão feita em Salvador, a Polícia Federal conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar o entorpecente), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).
A operação também resultou na prisão do ex-lobista do VLT, que foi detido em São Paulo. Na casa do empresário, em Cuiabá, a Polícia Federal apreendeu cédulas de dólar, euro, além de itens de luxo como bolsas e acessórios de marcas famosas, como Valentino, Prada, Louis Vuitton, Yves Saint Laurent e Chanel, além de relógios Rolex.
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