Por Luana Maria Benedito
(Reuters) – O dólar acelerou seus ganhos acentuadamente nesta segunda-feira, chegando a superar com folga o patamar técnico importante de 5,20 reais em meio a uma “tempestade perfeita” de novos temores sobre a política monetária do Federal Reserve, tensões crescentes no Oriente Médio e receios fiscais domésticos.
Às 14h40 (de Brasília), o dólar à vista subia 1,53%, a 5,1998 reais na venda, depois de mais cedo ter chegado a ganhar 1,85%, a 5,2162 reais, o patamar intradiário mais alto desde 6 de outubro do ano passado.
A divisa norte-americana ganhou fôlego depois que dados mostraram alta bem mais intensa do que o esperado nas vendas no varejo dos Estados Unidos em março, mais uma evidência de que a economia encerrou o primeiro trimestre em terreno sólido.
As vendas no varejo norte-americano aumentaram 0,7% no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam avanço de 0,3%.
“Tempestade perfeita hoje; o mercado está abandonando a ideia de um corte de juros nos EUA no curto prazo, e essa preocupação com a trajetória penaliza todos os emergentes”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Quanto menos o Fed cortar os juros, melhor para o dólar, que se torna mais atraente para investidores estrangeiros quando os rendimentos oferecidos pelo mercado norte-americano — já interessante por ser extremamente seguro — seguem mais altos.
“Os mercados emergentes estão sendo atingidos de forma geral, incluindo o Brasil. Vale lembrar que 90% do que acontece com o não tem nada a ver com o Brasil. Estamos em outro susto de inflação nos EUA, que está elevando os rendimentos dos EUA”, escreveu Robin Brooks, fellow sênior da Brookings Institution.
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Enquanto isso, investidores buscavam controlar as preocupações depois de ataque do Irã a Israel, que envolveu mais de 300 mísseis e drones e foi a primeira investida contra Israel por outro país em mais de três décadas.
O economista-chefe da Genial Investimentos, José Marcio Camargo, disse que eventual retaliação de Israel “poderá gerar forte aumento dos preços do , pressão sobre a taxa de inflação nos Estados Unidos, fuga generalizada de investidores para o dólar, valorização da moeda americana e, na mais otimista das hipóteses, adiamento do início do processo de queda dos juros (nos EUA) ou, até mesmo, aumento e não de queda das taxas de juros”.
Completando a “tempestade perfeita” para impulsionar o dólar frente ao real, Bergallo, da FB Capital, destacou os temores fiscais domésticos, que, segundo ele, embora não sejam a causa principal da aversão a risco na cena local, acabam “atrapalhando”.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou nesta segunda-feira que o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, que será encaminhado ao Congresso Nacional nesta segunda-feira, preverá meta de déficit fiscal zero para o ano que vem.
A nova meta de 2025 representa um afrouxamento em relação à indicação dada no ano passado de que o governo buscaria um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto.
O dólar atingiu os picos do dia acima de 5,20 reais durante as falas de Haddad, que dava entrevista à GloboNews nesta tarde, embora essa aceleração também tenha coincidido com forte piora no humor externo, com os principais índices de Wall Street virando fortemente para o negativo.
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