Aprender com as comunidades da floresta e com as experiências locais para criar novos modelos de financiamento e negócios na Amazônia foi a mensagem principal do painel sobre estratégias de investimento em bioeconomia, realizado no evento “Inovação, Finanças e Natureza”, nessa quinta-feira (9), no complexo Estação das Docas, em Belém (PA). O evento, realizado pela Nature Finance, Consórcio Interestadual da Amazônia Legal e Concertação pela Amazônia, teve a participação da Embrapa e reuniu investidores, líderes do mercado financeiro, bancos e representantes de comunidades. Francisco Piyãko, que é líder do Povo Ashaninka (AC), inciou o debate com uma reflexão sobre qual o modelo de desenvolvimento que a sociedade mundial está propondo para a Amazônia. “É até assustador ver como o mundo está olhando a Amazônia como uma oportunidade. Oportunidade para quê? Para quem? Isso tudo precisa estar muito claro para nós que vivemos na floresta”, afirmou. “Sabemos que a floresta é importante para todos, mas a política precisa repeitar cada um como é, onde está e os saberes das comunidades, pois nós trabalhamos com uma lógica diferente”, continuou o indígena. O chefe da Assessoria de Relações Internacionais da Embrapa, Marcelo Morandi, reconhece a necessidade de se conhecer melhor as bioeconomias amazônicas dada a heterogeneidade social, cultural e ambiental da região. Ele ressaltou que é preciso fazer uma leitura profunda da identidade territorial e citou o documento “Visões sobre bioeconomia na Amazônia: Oportunidades e desafios para a atuação da Embrapa”, lançado recentemente pela Empresa. O trabalho reúne e analisa dados e informações de pesquisa para subsidiar as ações da instituição no bioma. Morandi destaca que o novo momento exige da pesquisa não somente a resolução de questões tecnológicas, mas também a superação dos desafios não tecnológicos no âmbito das cadeias da sociobiodiversidade. “É preciso trabalhar em conjunto com as diversas redes, tanto nas questões tecnológicas, quanto na contribuição às politicas públicas e em novos modelos de negócios para a região”, afirmou. Para o pesquisador, é possível visualizar três eixos da bioeconomia amazônica: a sociobioeconomia, com o protagonismo das comunidades e foco nos saberes locais; a bioeconomia de base florestal; e a agrobioeconomia, com ênfase na agricultura regenerativa. “Já sabemos que é necessário criar novos modelos de negócios a partir da interação com as comunidades e os pequenos negócios locais. O bussines as usual (mercado financeiro tradicional) não funciona nesse cenário”, acrescentou. Aprender com o território José Pugas, que é sócio e head de Investimento da JGP Asset Managment, afirmou que o mercado financeiro ainda tem muito a aprender com as comunidades e negócios locais da Amazônia. “O território existe sem o capital, então o primeiro passo é aprender a dinâmica desse território e a experiência acumulada na região”, ressaltou. A JGB, segundo o investidor, atua há um ano com o mercado de capitais no estado do Pará e já tem 150 milhões de reais investidos em empresas locais que trabalham com produtos florestais não-madeireiros. “Mais do que projetos, processos e metodologias, precisamos de empatia e diálogo. O nosso modelo de desenvolvimento falhou e precisamos aprender com os povos que aqui vivem”, finalizou. Já Mariana Sarmiento, fundadora e CEO da empresa colombiana Terrasos, especializada na operação de investimento ambientais, acredita que o estabelecimento de novas relações com as comunidades, engajamento e conhecimento são fundamentais para que os recursos cheguem e gerem impacto local. “As comunidades precisam protagonizar a construção da paisagem que desejam e ter o conhecimento necessário para agregar valor aos ativos presentes em suas áreas”, afirmou. Quando se fala em investimentos financeiros ligados à natureza, a transparência e as salvaguardas são importantes tanto para o investidor quanto para as comunidades, segundo Marcia Faria, líder de Investimentos para Intermediários Financeiros no Brasil, do BID Invest. Ela ressalta também que na área dos investimentos verdes, o mercado privado tem como referência o setor público. Investimento em ciência A pesquisa deve estar incluída nesse novo modelo de financimentos e investimentos para a bioeconomia na Amazônia, segundo a…
Read More: Bioeconomia na Amazônia precisa de novos modelos de negócios