A empresa israelense de defensivos agrícolas Adama avalia que 2023 deve ser um ano de volatilidade no mercado global, mas está otimista. O principal executivo da companhia, Steve Hawkins, disse que a expectativa é positiva também para o Brasil, apesar das perdas que os agricultores sofreram na safra de verão e da mudança no padrão climático, sob efeitos do El Niño. “Minha visão é muito otimista. Estamos muito confiantes aqui (no Brasil)”, afirmou. “A amplitude de portfólio permite que se tenha mais ferramentas para atendermos diferentes necessidades agronômicas”.
Hawkins esteve no Brasil no fim de junho, quando visitou unidades de produção e reuniu-se com revendedores e cooperativas. Essa foi a primeira vez que ele visitou o país desde que assumiu o cargo, em maio.
Ele se disse “impressionado” com o avanço da agricultura brasileira. “O Brasil é importante no tamanho e na inovação que traz para o nosso negócio”, disse. “Queremos ter uma participação de mercaro de dois dígitos aqui. Precisamos garantir que a organização e a infraestrutura estejam à altura da tecnologia que trazemos”, afirmou Hawkins, sem citar números.
O Brasil é a principal operação da Adama na América Latina, região que respondeu por 29% das vendas globais da companhia no ano passado, quando somaram US$ 5,6 bilhões. O país está entre os cinco principais mercados da empresa, junto com China, Índia, Austrália e Estados Unidos.
Operação brasileira
A operação brasileira está baseada em dois complexos fabris, em Londrina (PR) e Taquari (RS), com capacidade total de produção de 200 milhões de litros de defensivos por ano. A Adama tem ainda sete centros de distribuição nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Bahia.
Em dezembro, a companhia inaugurou uma unidade em Taquari, um investimento de R$ 300 milhões, com a meta de colocar no mercado ao menos cinco novos fungicidas nos próximos anos. “Investimos muito no Brasil, principalmente em produção. E colocamos mais pessoas no campo para fazer um acompanhamento próximo dos agricultores”, disse Romeu Stanguerlin, que comanda a empresa no país.
Incertezas
Steve Hawkins avalia que o mercado de defensivos está vivendo um momento diferente no mundo. Os problemas na logística internacional que afetaram a indústria na fase mais aguda da pandemia diminuíram, mas o quadro de oferta e demanda segue instável, com a guerra entre Rússia e Ucrânia ainda em curso.
“É um ano de muita volatilidade, e os preços devem aumentar. Precisamos encontrar um equilíbrio no fornecimento, enquanto vemos um alto nível de demanda dos agricultores. Há risco de um desequilíbrio diferente entre oferta e demanda, o que significa que o produto correto pode não estar disponível na hora certa e no lugar certo”, disse.
Em 2022, os herbicidas responderam por 45% da receita global da empresa, seguidos pelos inseticidas (27%) e pelos fungicidas (19%). Segundo Hawkins, a Adama está desenvolvendo uma estratégia em produtos biológicos, segmento que vem crescendo.
“É uma área muito fragmentada. Então, queremos ter uma posição baseada na necessidade do agricultor. É mercado a mercado, mas queremos uma abordagem bem avaliada, porque acreditamos ainda ser fortes nos produtos sintéticos”, disse. Ele aponta os biológicos como complementares aos químicos.
Read More: Adama quer ‘fatia de dois dígitos’ do mercado brasileiro de defensivos |