Bloomberg Línea — Com o Produto Interno Bruto (PIB) acima do esperado no segundo trimestre de 2023, com alta de 0,9% na comparação trimestral, analistas do mercado financeiro e economistas começaram a revisar para cima a previsão de crescimento do país neste ano. A taxa veio acima do esperado pelo consenso de mercado, que era de uma taxa de 0,3% ante o primeiro trimestre.
A última mediana das projeções, apontada pela pesquisa Focus do Banco Central, apontava um crescimento de 2,31% em 2023. Agora, os novos dados da atividade mostram que a economia deve crescer em torno de 3%.
Com os últimos números, a economia brasileira atingiu o patamar mais alto da série histórica, somando um valor corrente de R$ 2,651 trilhões no período. Nos 12 meses encerrados em junho, o PIB cresceu 3,2%.
O maior crescimento foi da indústria (0,9%), seguida pelo setor de serviços (0,6%). Já a agropecuária recuou 0,9%. Na comparação com o mesmo período de 2022, os três setores tiveram o seguinte desempenho: agropecuária com alta de 17%; indústria, de 1,5%, e serviços, de 2,3%.
Economistas consultados pela Bloomberg Línea destacaram alguns pontos nos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE): a resistência da economia do país ao alto patamar da taxa Selic, de 13,25% ao ano, e a força do agronegócio e da indústria extrativa.
Veja abaixo 7 comentários de economistas e instituições financeiras e suas expectativas para o crescimento do PIB ao fim de 2023:
Natalia Cotarelli e Matheus Fuck, do Itaú
Os economistas Natalia Cotarelli e Matheus Fuck assinam a análise macroeconômica do Itaú. Os analistas destacaram que o setor agropecuário veio acima das estimativas, mesmo com a queda trimestre a trimestre. Com o resultado, o banco vai revisar para cima o PIB, cujos cálculos apontam que o segundo semestre começou com um carrego estatístico de 3%. Até então, a previsão do Itaú era a de um crescimento do PIB de 2,5% neste ano.
“Apesar de a queda do setor agropecuário no 2T23 ser menor que a esperada, após crescimento recorde no 1T23, o PIB ex-agro [que exclui esse setor] também surpreendeu positivamente, acelerando para 1,0% na variação trimestral no 2T23, de 0,4% no 1T23. A resiliência do mercado de trabalho e o estímulo fiscal impulsionaram o crescimento do período. Com esse resultado, a nossa projeção para o PIB deste ano (agora em 2,5%) deve ser revisada para cima”, apontaram em nota.
Rodolfo Margato, XP Investimentos
O economista Rodolfo Margato apontou que setores pouco sensíveis à política monetária foram os tiveram desempenho positivo. No caso da agropecuária, apesar da queda trimestral, o dado comparativo anual mostrou alta de 17%. No caso da indústria, que cresceu em ambas as comparações, o setor extrativo também foi um destaque dado que é menos sensível aos juros altos.
“O setor de serviços veio em linha com as expectativas, mostrando aí um crescimento resiliente, ainda que com perda de tração. Todos os subsetores cresceram, o que indica um quadro de economia resiliente”, afirmou o economista.
Assim, a previsão do economista da XP é de que o PIB cresça em torno de 3%.
Alberto Ramos, Goldman Sachs
Com o resultado do trimestre, o banco americano Goldman Sachs revisou a expectativa do avanço do PIB neste ano para 3,25%. Vale ressaltar que o banco tinha uma previsão de crescimento de 2,65%. Nesta semana, a previsão da mediana do mercado pelo Boletim Focus era de 2,31%.
“No futuro, esperamos que a atividade se beneficie de estímulos fiscais e parafiscais (transferências fiscais federais robustas para famílias de baixa renda com alta propensão a consumir), expansão da massa salarial real e declínio da inflação alimentar. No entanto, o impulso desvanecido da reabertura económica, restrições monetárias e financeiras internas condições económicas, elevados níveis de endividamento das famílias, baixos níveis de folga económica, moderando a criação de emprego, e o incipiente espera-se que a reviravolta no ciclo de crédito gere ventos contrários à atividade.”
Sergio Vale, MB Associados
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, destacou que a economia crescerá 3% em 2023 mesmo com um segundo semestre estagnado. “A nossa expectativa passou de 2,5% para 3% no ano, e isso se no terceiro trimestre o crescimento for zero e, no quarto, de 0,2%. Então há espaço para surpreender.”
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