No comunicado divulgado logo após a decisão, o colegiado indicou que a melhora do quadro inflacionário do país permitiu que o Banco Central do Brasil (BC) desse início a um ciclo “gradual” de redução de juros no Brasil.
A autarquia ainda sinalizou que novos cortes da mesma magnitude podem vir nas próximas reuniões, caso o cenário esperado – de continuidade do processo de desinflação e de ancoragem das expectativas em torno de suas metas – se concretize.
A decisão pela redução de juros já era amplamente esperada pelo mercado. No entanto, mais do que o tamanho do corte, a grande expectativa dos agentes financeiros estava em torno do tom adotado pela autoridade monetária para justificar a decisão e das sinalizações do colegiado sobre como deve ser e quanto deve durar o ciclo de queda.
Entenda, a partir dos tópicos abaixo, quais os recados do Banco Central sobre o futuro da Selic e quais os impactos da decisão na economia brasileira.
Banco Central reduz juros pela primeira vez em três anos
De acordo com economistas consultados pelo g1, o comunicado divulgado após a decisão trouxe mensagens importantes a serem consideradas para a trajetória da taxa básica de juros. Entre elas:
- Início do ciclo de corte de juros foi iniciado, mas mercado deve manter os ânimos contidos nas projeções para as próximas reuniões;
- Cenário inflacionário ainda apresenta riscos de alta e baixa dos preços adiante, e conjuntura demanda “serenidade e moderação” na condução da política monetária.
Início acelerado, mas de ânimos contidos
De acordo com economistas, apesar de o corte da taxa básica de juros pelo Copom ter sido um pouco acima do que o esperado por parte do mercado – que previa uma queda de 0,25 p.p. –, o colegiado se esforçou em conter os ânimos para as projeções das próximas reuniões.
Mais importante do que o corte de 0,50 p.p. é a comunicação que veio depois. […] Como o BC começou um pouco mais forte, houve uma preocupação grande de ‘ancorar’ o mercado, para que não esperem novas acelerações nos cortes da Selic à frente.
— Danilo Passos, economista da WHG
Essa sinalização do BC foi de que, caso permaneça o mesmo cenário de desinflação e ancoragem das expectativas no país, os próximos cortes devem manter o mesmo ritmo.
“Os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude [ou seja, de 0,50 p.p.] nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o comunicado.
O comunicado ainda diz que a magnitude total do ciclo de redução da Selic ao longo do tempo vai depender da evolução da dinâmica inflacionária, “em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica”, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Segundo nota divulgada pelo colegiado, cinco diretores votaram a favor do corte de 0,50 p.p., enquanto quatro se manifestaram por uma redução de 0,25 p.p..
Votaram pela redução de 0,50 p.p.:
- presidente Roberto Campos Neto (indicado por Jair Bolsonaro)
- Ailton de Aquino Santos (indicado por Lula)
- Carolina de Assis Barros (indicada por Temer)
- Gabriel Galípolo (indicado por Lula)
- Otávio Ribeiro Damaso (indicado por Dilma Rousseff)
Votaram pela redução de 0,25 p.p.:
- Diogo Abry Guillen (indicado por Jair Bolsonaro)
- Fernanda Magalhães Rumenos Guardado (indicada por Jair Bolsonaro)
- Maurício Costa de Moura (indicado por Jair Bolsonaro)
- Renato Dias de Brito Gomes (indicado por Jair Bolsonaro)
Como votaram os membros do Copom nesta quarta-feira (2) — Foto: Arte GloboNews
“Isso também dá uma sinalização para evitar precificações de cortes mais agressivos nas próximas decisões”, afirma o economista-chefe do PicPay, Marco Caruso.
“Outro ponto é que ele [o Copom] também indica que vai resistir em patamares mais contracionistas, ou seja, com uma Selic acima da neutra [que…
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