BRASÍLIA – Na primeira reunião de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central seguiu o plano de voo e reduziu pela quinta vez seguida a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto porcentual, de 11,75% para 11,25% ao ano, em decisão unânime e amplamente esperada pelo mercado.
O colegiado, no primeiro encontro que reúne quatro membros da diretoria indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantém a projeção de um corte “de mesma magnitude” – ou seja, de 0,5 ponto – nas próximas reuniões e avaliam que “esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.
Ao justificar a decisão de hoje, o BC disse entender que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta em 2024 e, em grau maior, em 2025. “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz o comunicado.
O Copom reafirmou no comunicado a importância de perseguir as “metas fiscais estabelecidas para a ancoragem (convergência para a meta) das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária”.
Como mostrou o Estadão, a equipe econômica criou um “plano de guerra” de curto prazo para tentar reduzir o bloqueio no Orçamento em março e manter a meta de déficit zero nas contas públicas em 2024, desacreditada pelo mercado.
Ao repetir a mensagem de “cautela e moderação”, o Copom reafirmou que a conjuntura atual é caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, com um cenário global desafiador.
“O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, repetiu o BC.
Este foi o primeiro encontro do Copom com a participação dos novos diretores do BC indicados pelo presidente Lula: Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira, que tomaram posse no último dia 2. Já haviam sido indicados pelo presidente Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino Santos.
Riscos na mira
Entre os riscos de alta para as expectativas de inflação, seguem uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada.
Já entre os riscos de baixa para as projeções inflacionárias, permanecem uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e a possibilidade de os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.”O Comitê avalia que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na condução da política monetária”, repetiu o BC.
Conforme a sinalização dada no encontro anterior, em dezembro, a queda da Selic nesse ritmo já era amplamente esperada. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, 63 das 64 instituições financeiras consultadas acreditavam que o Copom iria decidir por mais um corte de 0,50 ponto.
A expectativa de inflação do Boletim Focus deste ano variou para baixo entre os dois encontros do Comitê, mas as estimativas de prazos mais longos seguiram desancoradas. A mediana para a inflação de 2024 passou de 3,93% no último Copom, em meados de dezembro, para 3,81% na última divulgação, ontem. Já para 2025 e 2026, as estimativas ficaram estacionadas em 3,50%, também acima da meta contínua de 3%.
Juro real
Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 5,95% e continua apenas atrás do México (6,49%). Em terceiro, aparece a Colômbia (4,81%).
A média das 40 economias pesquisadas é de 0,69%. Até o Copom de dezembro, o juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia – e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira -era estimado pelo BC em 4,5%, embora o mercado já considerasse uma taxa maior, de…
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