Neste domingo (3), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu que a Petrobras realizasse a recompra da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), atual Refinaria de Mataripe, na Bahia.
Segundo o ministro, há o entendimento, “do ponto de vista da segurança energética e da nova geopolítica do setor de petróleo e gás, respeitadas as regras de governança da companhia, que a Petrobras deve avaliar recomprar a RLAM. É um ativo histórico e que fez parte da estratégia de desmonte do Sistema Petrobras e nunca deveria ter sido vendido”.
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Sim, ministro, você tem toda razão. Não só a RLAM, mas todas as refinarias privatizadas deveriam ser reestatizadas para brecar o desastre econômico e social gerado pela venda injustificada destes ativos. E o argumento é simples: preço.
Não é nenhuma novidade para o brasileiro que a privatização aumenta preços, e neste caso não foi diferente. Gasolina, diesel e GLP ficaram mais caros em todas as unidades privatizadas.
Primeiro, foi na Bahia, com a venda da RLAM para o Fundo Mubadala (Emirados Árabes); depois, no Amazonas, quando a Reman foi vendida para uma empresa privada de distribuição de combustíveis, a Atem’s Distribuidora de Petróleo S.A. (Atem). E, agora, no Rio Grande do Norte, depois de a Refinaria Clara Camarão ter sido vendida para a 3R Petroleum, empresa comandada pelo ex-presidente da estatal Roberto Castello Branco. Tudo isso de dezembro de 2021 para cá.
Vejamos o que aconteceu com o preço de cada produto desde a primeira privatização até agora. Primeiro, a gasolina. De dezembro de 2021 para cá, as refinarias privadas praticaram preços, em média, 5,5% mais caros do que a Petrobras. Hoje, dia 4 de setembro, o sobrepreço é de 8,6%.
O maior sobrepreço ocorre no Amazonas, onde a gasolina da atual Refinaria da Amazônia (Ream) é vendida 30 centavos acima da Petrobras. O segundo maior sobrepreço é no Rio Grande do Norte, com a gasolina sendo vendida 29 centavos acima da Petrobras pela 3R, e, por fim, a refinaria da Acelen – empresa que administra a Refinaria de Mataripe, na Bahia – com sobrepreço de 16 centavos.
No diesel S-10 a diferença é menor quando consideramos todo o período. As refinarias privadas venderam entre dezembro de 2021 e setembro de 2023 um diesel 3% mais caro do que a Petrobras. No entanto, hoje a diferença é maior do que a gasolina. Em 4 de setembro, o preço do diesel S-10 é 12% mais caro nas refinarias privadas em relação à Petrobras. A Acelen vende o combustível 10% acima da Petrobras; e a Ream 14%. A 3R não vende S-10, apenas diesel S-500.
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Mas, o mais grave de todos é o GLP. Em média, as refinarias privadas venderam o GLP 13% mais caro do que a Petrobras desde dezembro de 2021. Hoje, essa diferença é muito maior, de 26%. O equivalente ao gás de cozinha em um botijão de 13kg hoje é vendido por R$ 31,66 pelas refinarias da Petrobras.
Na Ream, no Amazonas, o preço é de R$ 45,70, 44% mais caro. Isto é, no Amazonas este botijão fica R$ 14 mais caro do que nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Rio Grande do Norte, a 3R vende 23% mais caro do que a Petrobras; e na Bahia, a Acelen vende o botijão 10% acima do valor da estatal.
Em 2022 o consumo de gás de cozinha chegou ao menor patamar nos últimos 10 anos. Já o consumo de lenha atingiu o maior nível em 13 anos. A privatização que encareceu ainda mais o botijão contribuiu fortemente com essas tristes estatísticas.
A comparação com o período anterior deixa a situação ainda mais ridícula. Todas essas refinarias privatizadas vendiam combustíveis mais baratos do…
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