O mercado brasileiro de oferta de gás está em expansão. De um lado, empresas da cadeia de óleo e gás estão tirando do papel grandes projetos de extração do energético de campos marítimos, como a norueguesa Equinor. Na outra ponta, há uma indústria consumidora na expectativa de utilizar cada vez mais o insumo em seu processo de transição energética, como a de siderurgia. As políticas de governo e a previsibilidade das regras são, no entanto, uma condição de desenvolvimento desse mercado.
A Equinor anunciou neste ano que vai investir bilhões de dólares para produzir gás no bloco BM-C-33, na Bacia de Campos. O projeto está entre os que vão contribuir para promover um choque de oferta de gás no país. “Esse mercado existe. A conjuntura se provou uma oportunidade para viabilizar o BM-C-33. O importante é que temos grande volume de gás, que possibilitará a criação de uma nova estrutura logística”, afirmou Claudia Brun, vice-presidente de Cadeias de Valor da Equinor no Brasil.
Em palestra no evento Rio Pipeline – promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) -, a executiva ressaltou que decisões de investimento, como a de extrair gás no BM-C-33, não são tomadas repentinamente. “Os riscos são minuciosamente discutidos. Prova disso é que atrasamos a declaração de comercialidade da área por conta de algumas inseguranças”, disse a executiva.
Na outra ponta da cadeia, de consumidores, a empresa produtora de aço Gerdau conta com o gás natural para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e, assim, atingir suas metas de descarbonização da produção até 2031.
Marcos Prudente, gerente de Energia e Gás Natural da companhia, salientou, durante o evento, que o apetite da indústria pelo energético é grande e que o gás é considerado também uma solução para viabilizar a tecnologia de hidrogênio verde, no futuro. No entanto, em sua opinião, o setor siderúrgico não irá substituir o uso do carvão pelo gás se não contar com um preço competitivo para isso. “Precisamos levar o desafio para o setor. O gás precisa concorrer com o carvão. Precisamos de preço, disponibilidade e política pública para que as mudanças aconteçam”, disse.
Ele salientou que o mercado de gás ainda tem bastante espaço na siderurgia e que, à medida que a experiência do setor com o uso do energético for evoluindo, as decisões de investimentos serão tomadas mais facilmente.
Gás na transição energética
Também presente ao evento, Heloísa Borges, diretora de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão de planejamento do setor, acredita que o programa do governo Gás para Empregar terá papel fundamental na expansão do mercado de gás. “Autorizado o plano de trabalho do comitê, a indústria começa a ser chamada para participar. A presença ativa da sociedade é fundamental para o sucesso do programa”, disse.
O Comitê Gestor do programa deve aprovar no fim deste mês o seu plano de trabalho. Ultrapassada essa fase, diferentes agentes da cadeia vão ser convidados a participar do debate. Entre eles, a indústria consumidora.
A etapa seguinte do cronograma, após a conclusão do plano de trabalho, será a de apresentação preliminar das medidas propostas por cada comitê do grupo de trabalho. Essa etapa será iniciada no dia 9 de outubro, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME). Todo trabalho deve ser concluído até o dia 9 de novembro, pouco após a deliberação…
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