Entre CIOs e executivos de tecnologia do setor público ouvidos pelo estudo Antes da TI, A Estratégia, da IT Mídia, a imensa minoria (somente 5%) disse esperar alguma redução em seus orçamentos de 2023, na comparação com os valores do ano anterior. Outros 20% disseram esperar uma manutenção de valores. Enquanto isso, impressionantes 75% disseram que investiriam ainda mais em tecnologia ao longo desse ano.
Esse é um número que ilustra perfeitamente o avanço do setor público, em todas as suas esferas, no que diz respeito à transformação digital dos serviços oferecidos à população brasileira. Se parece óbvio que a pandemia foi a grande responsável por esse impulso, também é verdade que mesmo o fim dela não reduziu o ritmo dos investimentos em digitalização por parte de órgãos e empresas públicas.
“Já há algum tempo temos um processo importante de digitalização, principalmente em serviços voltados ao cidadão. Isso em diferentes esferas. Seja na modernização de aplicações de imposto de renda, até portais de serviços de governos estaduais e prefeituras”, concorda Luciano Ramos, country manager do IDC Brasil. “A pandemia propiciou que os investimentos em tecnologia que já estavam de certa forma desenhados para avançar e integrar diferentes bases de informação e workflows acelerassem.”
Os dados de investimento no setor público auferidos pelo IDC batem com os da IT Mídia. Entre as lideranças de TI do setor público ouvidos pela consultoria, 50% indicam ter um orçamento maior em mãos em 2023 para investir em tecnologia, frente ao valor registrado um ano antes. Foram ouvidos líderes de 152 instituições da administração pública.
Segundo Ramos, não foram só nos serviços digitais que o setor público avançou. Também houve massivos investimentos em aplicações e serviços de TI, inclusive em nuvem, que “passa a ser o elemento que entra mais fortemente desde que a gente começou a enfrentar a pandemia” – muito embora também tenha trazido a reboque questões relativas à segurança cibernética e privacidade de dados, por exemplo.
Boas oportunidades também surgiram na integração e automação de sistemas, diz Ramos. Um avanço observável, segundo o IDC, tanto no governo federal como no municipal e em municípios mais populosos.
“A gente avaliou no nosso estudo uma correlação entre tamanho do município e a preocupação com cibersegurança”, diz.
Para o executivo do IDC, todos esses dados são indicativos de que há uma maturidade maior dos governos, nas diferentes esferas, quando se trata de formular políticas públicas digitais – mesmo que os caminhos escolhidos para isso difiram bastante entre as esferas de poder, regiões do País e orçamentos disponíveis.
“A gente vê [essa maturidade] tanto do ponto de vista de coordenação, partindo da esfera federal, e do ponto de vista técnico. Quando o Gov.br se torna o ‘single sign-on’ [autenticação única], esse é o caminho. O cidadão passa a ter uma única identidade digital e para se conectar a diferentes serviços e esferas”, pondera Ramos.
Mas, para ele, ainda falta mais diálogo entre as esferas federal, estaduais e municipais quando se trata de estabelecer padrões de comunicação entre os diferentes sistemas públicos. E exemplifica: governos municipais ou estaduais muitas vezes ainda tomam decisões ou evoluem em velocidades do governo federal.
“O Tribunal de Justiça de São Paulo fala de digitalização há muito tempo, muito antes de falarmos de um processo de digitalização do judiciário nacionalmente. Nesse sentido acho que a gente ainda tem passos a dar”, pondera. “Conseguir coordenar as políticas, não do ponto de vista técnico ou de aplicação da tecnologia propriamente dito, mas estabelecer velocidades em que todo mundo avance.”
Estratégia nacional
Para Nei Silverio, vice-presidente do programa executivo para a América Latina do Gartner, outra consultoria com olhares atentos sobre os investimentos em TI do setor público, o Brasil de fato avançou muito. Inclusive porque parte significativa dos brasileiros já está plenamente habituado a obter serviços públicos de modo digital.
“O digital está inserido no cotidiano do cidadão. A voracidade por serviços digitais fez com que a sociedade se habituasse. E aí nasceu uma discussão mais intensa sob esse prisma de governo, seja federal, estadual ou municipal: os planos de transformação…
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