Bloomberg — À medida que as probabilidades de uma recessão colapsam em Wall Street, os mercados voltam a ficar vulneráveis a qualquer sinal de que a economia dos Estados Unidos está aquecida demais.
Desde títulos high yield até as ações, as probabilidades de uma recessão econômica precificada nos ativos caíram para o menor nível desde abril de 2022, de acordo com JPMorgan Chase (JPM). É uma grande reversão em relação ao pessimismo do ano passado, quando uma recessão era vista como um fato consumado.
Isso significa que os mercados estão cada vez mais à mercê de dados econômicos que sinalizem outra rodada de inflação desenfreada, o que representa problemas para estratégias sensíveis às taxas de juros. Para muitos investidores, dados econômicos positivos — e seu potencial para estimular mais aperto na política monetária — são o vento contrário com o qual estão lutando.
“Eu me preocupo de que os atuais dados econômicos positivos provavelmente manterão as pressões inflacionárias borbulhando sob a superfície”, disse Marija Veitmane, estrategista sênior de múltiplos ativos na State Street Global Markets. “Isso impediria o Fed e outros bancos centrais de reduzirem as taxas de juros, o que eventualmente prejudicaria a economia.”
Dados sólidos sobre pedidos de auxílio-desemprego na última quinta-feira (7) e a atividade do setor de serviços superando todas as previsões na quarta (6), por exemplo, reforçaram o argumento para que o Federal Reserve mantenha as taxas elevadas, alimentando uma queda nas ações.
Mesmo investidores em títulos do governo — um dos poucos mercados em que as apostas em recessão estavam fora de controle — estão menos pessimistas atualmente, graças a uma sequência de dados mais fortes do que o esperado.
A temida inversão da curva de rendimento do Tesouro, um sinal econômico tradicional de alerta, está finalmente se suavizando. E, nos últimos dois meses, traders têm reduzido suas apostas sobre o quanto o Fed será forçado a cortar as taxas de juros no próximo ano para combater uma recessão.
Uma maneira de pensar sobre o quão sensível o mercado está a novos dados econômicos: a relação entre o S&P 500 e o índice de surpresa amplamente seguido da Citigroup (C) para a economia dos EUA.
Essa correlação de 40 dias caiu para o patamar mais negativo registrado, o que significa que quando os números macroeconômicos, como os de emprego e manufatura, superam as expectativas dos economistas, as ações caem. Da mesma forma, uma surpresa negativa desencadeia um rali.
A relação entre os títulos do Tesouro e os dados também se tornou mais negativa, com a força econômica sugerindo preços mais baixos para os títulos.
“Estamos na parte do ciclo em que ‘notícias ruins são boas notícias’, e isso porque o mercado está bastante preocupado com [a hipótese de] o Fed elevando as taxas de juros novamente”, escreveu Yung-Yu Ma, estrategista-chefe de investimentos do BMO Wealth, em uma nota.
Uma súbita onda de más notícias econômicas claramente tem o potencial de causar volatilidade global. Mas, por enquanto, boas notícias podem representar um risco maior, trazendo consigo a inflação e taxas de juros mais altas que prejudicariam os lucros corporativos, reduziriam os investimentos empresariais e ameaçariam os consumidores com altas cargas de dívida.
O que dizem os estrategistas da Bloomberg
“E, assim, ficamos em uma espécie de purgatório econômico e de mercado, com a curva dizendo que tudo está indo para o inferno, mas os ativos de risco ainda mantêm a esperança de um soft landing [pouso suave] semelhante ao nirvana.”
— Cameron Crise, estrategista macro
Por sua vez, os formuladores de política monetária do Fed estão fazendo o melhor que podem para reprimir as apostas em uma mudança para uma política mais relaxada – e assim manter os mercados atentos à possibilidade de aumentos nas taxas de juros.
Os traders já reduziram o grau de flexibilização do Fed que veem no próximo ano para cerca de 100 pontos-base, abaixo de bem mais de 150 pontos-base no início de 2023. Espera-se amplamente que o Fed mantenha as taxas na faixa de 5,25% a 5,5% em sua próxima reunião na próxima semana, em 20 de setembro.
Com a economia dos EUA crescendo a uma taxa de 2%, até mesmo as autoridades do Fed excluíram uma…
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