A perspectiva de queda na taxa de juros estimula o investidor a colocar uma pimentinha a mais na carteira de renda fixa. Para preservar a rentabilidade, produtos com mais risco – muitos sem segurança de cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) – se apresentam como opção. Mas é preciso mais cuidado na escolha desses ativos.
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Desde janeiro, as emissões privadas de dívidas enfrentam desconfiança do mercado em função da crise das Americanas (AMER3) e da Light (LIGT3), que penalizou os fundos de renda fixa de crédito privado. Agora, porém, as empresas voltaram a emitir títulos de dívida, estimuladas pelo ambiente de queda na taxa de juros. “Quando a Selic começa a arrefecer passamos a olhar o crédito privado com mais carinho”, diz Jaqueline Benevides, especialista em renda fixa da L4 Capital Invest. O mercado espera a Selic de 11,75% no final de 2023, enquanto hoje ela se encontra em 13,25% ao ano.
O crédito privado costuma ser encarado como o mais sofisticado dos investimentos em renda fixa, principalmente para os investidores que possuem poupanças que ultrapassam os R$ 250 mil cobertos pelo FGC. Produtos que pagam cupons trimestrais e semestrais costumam ser os queridinhos do setor, porque permitem adiantar um rendimento que pode ser reaplicado.
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Considerando uma escala de risco e retorno, os títulos públicos são os que pagam menos. Depois vêm as emissões bancárias, cobertas pelo FGC e, em seguida, o crédito privado com as debêntures, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e do Agronegócios (CRAs) e outros produtos para investidores mais qualificados, como Letras Financeiras e as Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs).
Rentabilidade
Fora dos produtos bancários, há uma miríade de títulos privados que pagam taxas mais atraentes à medida que sobe o nível de risco. “Hoje num título público é possível ter ganhos de 100% do CDI, ou até menos. No crédito bancário esse valor chega a 110% do CDI, mas quando vamos para o crédito privado estamos falando de 115% a 120%”, comenta Mayara Ranni Sekertzis.
O esforço para escolher um bom produto sem FGC é maior. É importante o investidor observar para onde vai a dívida emitida pela empresa. Ou seja, se é para quitar outra dívida, aumentar a operação ou se a companhia está endividada. “Se a empresa tem muita dívida de curto prazo isso não é bom”, adverte Benevides.
É importante também comparar as taxas oferecidas pelas concorrentes. Cabe ainda verificar o momento para o setor específico da empresa e, assim como num investimento em ações, avaliar as demonstrações financeiras da companhia.
Um exemplo de que o investidor está mais aberto ao risco são as debêntures incentivadas, que avançaram 44,7% no primeiro semestre de 2023 em relação ao fechamento do ano passado. Isso representa um montante de R$ 7,1 bilhões captado pelos gestores de fundos, segundo dados mais recentes da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
O FGC foi criado em 1995, na esteira do Plano Real, para dar estabilidade ao sistema financeiro. O histórico de inflação havia minado a confiança nas instituições. “Seu objetivo era garantir segurança, de forma que as pessoas não tivessem medo de perder o capital investido nos bancos”, diz Mayara Ranni Sekertzis, head de Fundos e Previdência da Manchester Investimentos. Atualmente, o FGC cobre eventuais calotes de bancos em investimentos de até R$ 250 mil.
O caixa é rei
Na divulgação de resultados, é possível verificar sinais de que o emissor terá problemas de caixa e, eventualmente, deixar de pagar suas obrigações. Há ferramentas disponíveis na internet que auxiliam o investidor a avaliar se vale a pena o risco. Sites como o
Read More: Como turbinar seus ganhos na renda fixa com ativos de crédito privado