O banco central norte-americano Federal Reserve (Fed) anunciou na tarde desta quarta-feira (20) que decidiu manter a taxa de juros americana na faixa entre 5,25% a 5,50% ao ano. Esse é o segundo encontro consecutivo do grupo em que a Fed Funds fica estabilizada desde que o ciclo de aperto monetário foi iniciado em março de 2022, o que já era esperado entre agentes de mercado.
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As atenções estavam mesmo voltadas ao comunicado da decisão e possíveis sinais sobre as duas últimas reuniões de 2023, marcadas para novembro e dezembro. O Fed destacou que a atividade econômica dos Estados Unidos continua a se expandir em “ritmo sólido”, apesar do mercado de trabalho ter perdido fôlego nos últimos meses.
Por causa disso, algumas projeções foram revisadas, com destaque especial para a revisão para cima na expectativa para a Fed Funds em 2024, que subiu de 4,6% para 5,1%. “Em nossa leitura, o tom no geral foi bem hawkish (mais duro). Ou seja, as revisões mostraram um cenário de mais crescimento, menor desemprego e maior juro do que os analistas anteciparam”, destaca Sávio Barbosa, economista-chefe da Kínitro Capital.
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O ciclo de aperto monetário nas economias desenvolvidas, especialmente nos Estados Unidos, tem ditado o humor dos mercados globais nas últimas semanas. Não raro, a divulgação de dados de inflação ou de trabalho que indicassem uma atividade ainda aquecida por lá resultava em um pregão negativo nas Bolsas mundiais, inclusive no Brasil.
Um exemplo disso é o próprio desempenho do Ibovespa no mês de agosto, o pior desde 2015. Para além das incertezas locais, pesou sobre o índice a possibilidade de que o Fed possa manter os juros americanos elevados por mais tempo do que o inicialmente esperado no mercado, um cenário especialmente ruim dado que o Banco Central brasileiro já iniciou o ciclo de afrouxamento monetário.
Esta quarta-feira é uma “super quarta”, dia em que coincidem as reuniões de política monetária no Brasil e nos EUA. O consenso do mercado é que o BC brasileiro vai reduzir a Selic em 0,50 ponto percentual para 12,75% ao ano.
Agora, com a perspectiva de juros mais altos e por mais tempo nos EUA, a tendência é de redução do diferencial de taxas entre as duas economias, o que pode tornar o mercado brasileiro menos atrativo para o investidor global. “Os investidores do mercado financeiro provavelmente direcionarão seu interesse para os títulos públicos americanos, aproveitando essa oportunidade. Isso, de certa forma, impactará o fluxo de crescimento econômico no Brasil”, explica Rodney Ribeiro, economista e assessor de investimentos na WIT Invest.
Veja a avaliação dos especialistas:
Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos
“Impressiona o fato de que no início deste ano o mercado já precificava quedas para essa reunião, isso ainda antes das quebras do Banco SVB. As quebras se mostraram insignificantes e a economia continuou num ritmo forte. De um lado, há sinais de arrefecimento no ritmo de criação de novas vagas de trabalho e nos salários. Por outro lado, o consumo continua forte e os preços de energia voltaram a preocupar. De toda forma, o principal indicador de inflação paro FED, o CPI, já mostra arrefecimento.
Tanto para o FED quando para o BC brasileiro, o petróleo se mostra como um novo vilão porque embarcou numa tendência mais consistente de alta. Esse foi um movimento que fez o mercado ainda atribuir uma alta – com baixa probabilidade – na taxa de juros do FED para a próxima reunião de novembro ou ainda uma manutenção por mais tempo de um nível contracionista nos EUA sem quedas previstas no horizonte de curto prazo.”
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad
“As novas projeções para os indicadores de atividade econômica e…
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