Vídeo mostra situações enfrentadas por quem mora em prédios tortos em Santos, SP
Você já imaginou como é a vida dentro de um prédio torto? O g1 conversou, nesta sexta-feira (22), com duas moradoras de Santos, no litoral de São Paulo, que moram em edifícios inclinados na orla da praia. Elas falaram sobre a experiência de viver nesses imóveis que chamam a atenção de quem visita a cidade. Entre as curiosidades citam a sensação de tontura e problemas com as portas.
A aposentada Maria Isabel Ponce, de 60 anos, disse que mora há 47 em um dos prédios tortos na Avenida Vicente de Carvalho, no bairro Boqueirão, e já se acostumou com a situação. “Aqui é bom de se viver […]. Tem uma vista maravilhosa e isso é o bom de morar aqui. Você pode ver quatro cidades, tudo ao mesmo tempo“.
A moradora e síndica de um dos prédios tortos na Avenida Bartholomeu de Gusmão, no bairro Boqueirão, Maria Inês Chedid, de 59 anos, disse que para eles a situação é normal. “A gente se acostuma né? Só tem um pouco de inclinação, as portas fecham sozinha e a bolinha sai rolando”.
Para Inês, a vista para o mar é um dos principais fatores que tornam a situação agradável. “O local é muito bom, a gente tem a vista para o mar, o jardim que é maravilhoso. Isso ajuda a superar a lembrança de que o prédio é torto”.
Tontura, portas que se fecham e desvalorização
Adaptada com a situação, Isabel relembrou que quando mudou-se para o apartamento não percebeu que era torto. “Foi só depois de alguns dias, enquanto tentávamos abrir a porta [do guarda-roupa que percebemos]. Fui me acostumando, mas no início não era fácil”.
Inês ressaltou que os moradores usam prendedores para evitar que as portas fechem sozinha. “O caimento do prédio é para o lado do canal, onde é mais torto”. Ela disse que os episódios de tontura são mais frequentes na saída do elevador. “No dia a dia vamos acostumando, nem se sente mais, o corpo até se adapta”.
Isabel mora no 13° andar de um prédio com 14 andares e contou que já tentou vender o imóvel e acabou desistindo por falta de interessados. “As pessoas dizem que sentem tontura ao entrar aqui, […] sentem um pouco de labirintite, mas eu não sinto nada […]. Até agora não vendi, mas como me acostumei, não irei vendê-lo mais”.
Já Inês acredita que o fato do prédio estar torto não atrapalha no processo de venda. “Pelo contrário, cada dia mais tem gente querendo comprar. Vale muito a pena, não trocamos por nada. Falo por mim e pelos meus vizinhos”.
Inês é dona do apartamento desde 1964, mas este era usado como casa de temporada. Desde 2004 mora no imóvel e convive com a inclinação.
A síndica contou, ainda, que corretores e o engenheiro que acompanha o edifício para elaboração dos laudos estimam que o prédio torto sofra uma valorização entre 40% a 50% com a colocação no prumo — assim que ficar reto.
“A gente já está em um baita lugar bom, com uma vista maravilhosa e ainda vamos ter uma valorização no imóvel. É tudo de bom né?”, disse Inês, que revelou que o serviço deve custar aproximadamente R$ 5 milhões.
Conhecido como ‘Prédio do Torto’, a síndica ressaltou a fama do local. “Somos um ponto de referência. Todo mundo para na porta para fotografar. Apesar de não ser o mais torto, como ele é grande chama a atenção”.
O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Santos para saber qual é o edifício com maior grau de inclinação, mas a administração municipal disse que não pode informar porque trata-se de propriedade…
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