A maior ressaca de uma viagem ao exterior é a fatura do cartão de crédito. Fato. Afinal, quem nunca, quando chegou o boleto do cartão para pagar, se arrependeu dos gastos e repensou o roteiro de esbórnias em restaurantes, lojas de roupa, vinotecas e passeios? Mas para o turista brasileiro portador de cartões das bandeiras Mastercard, Visa e Amex e que viaja à Argentina esse fenômeno tem um efeito menos devastador para a conta corrente.
Isso acontece porque, desde o fim de 2022, o Banco Central da República Argentina (BCRA) instituiu um “dólar para turista” para ser usado como câmbio de conversão pelas bandeiras dos cartões de crédito, “nas compras feitas por não residentes argentinos”, segundo comunicado A7630, datado de 3 de novembro de 2022.
Explica-se: quando um viajante brasileiro faz uma compra com o cartão de crédito em qualquer estabelecimento da Argentina, o dólar de conversão desta compra – como acontece com todas as compras internacionais, o valor na moeda local é versado para o dólar e depois para o real – é o dólar MEP, um câmbio usado pelo mercado financeiro e que, nesta sexta-feira (22), estava cotado a 681,52 pesos (enquanto o oficial valia 365,50 pesos e o blue era cotado a 745 pesos).
Ou seja, um câmbio bem mais vantajoso que o oficial – só lembrando que o “dólar para turista” (que é diferente do “dólar turista”, usado como câmbio nas compras de argentinos no exterior) é aplicado posteriormente; no momento da compra, o câmbio usado para a conversão é o oficial, por isso que a fatura traz o valor cheio e depois lança um crédito, por conta do dólar diferenciado aplicado em compras de não residentes.
Casas de câmbio
Além do alívio no boleto, o viajante não precisa ficar fazendo maratona nas casas de câmbio do Brasil para trocar real por dólar, antes de viagem, e depois, quando chega ao destino, não tem necessidade de ficar agendando a via sacra pelas casas de câmbio da calle Florida – famoso endereço em Buenos Aires que abriga estabelecimentos (alguns ilegais) que trocam dólares por pesos (alguns falsos) – para pegar a melhor cotação.
Sem contar que muitas dessas casas de câmbio só trabalham com notas pequenas de pesos, o que leva o turista a carregar, além das malas com as roupas e acessórios para curtir a viagem, uma mochila reforçada e discreta para encher de pesos depois de visitar a afamada rua Florida – tudo bem que, em termos de insegurança, Buenos Aires ainda está anos-luz de São Paulo e Rio, mas esse cenário está mudando, uma vez que a inflação desenfreada tem ajudado no incremento da miséria, e, por consequência, da violência. Assim que, perambular pelas ruas da capital argentina carregando pacotes e mais pacotes de pesos, não é nada agradável; e muito menos distribuir a dinheirama toda na carteira depois.
“Adotar um dólar diferenciado [para o turista que visita o país] tem vários objetivos e o primeiro é o de impedir que as transações cambiais sejam realizadas fora do sistema formal”, comenta o economista Luis Secco, da consultoria Perspectiv@as Económicas, de Buenos Aires. Segundo ele, é importante reforçar que a variedade de cotações e mercados na Argentina é resultado de uma política cambial decorrente da extrema escassez da moeda americana.
Para Secco, optar pelo pagamento com cartão de crédito “não só dá segurança ao turista como aumenta o poder de compra em pesos, já que o câmbio é quase tão favorável quanto o do mercado informal”.
Mais segurança
Segundo a Mastercard, que aderiu ao novo dólar em dezembro de 2022, “a vantagem adicional desse tipo de pagamento é oferecer mais benefícios e experiência aprimorada aos consumidores, que têm a possibilidade de evitar casas de câmbio ou caixas eletrônicos, já que optar pelo cartão traz segurança, conveniência, além de acesso a recompensas e incentivos”.
A Visa reforça que é um tipo de câmbio diferente do oficial e mais benéfico para os turistas, “mas que se encontra sujeito às flutuações do mercado”. Portanto, para as pessoas que levam a vida segundo uma planilha Excel é sempre bom consultar a cotação do dia.
“É importante esclarecer que o valor final da taxa de câmbio é um pouco inferior ao que aparece na mídia…
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