Desempenho no acumulado de 12 meses é o pior desde maio de 2021. Em agosto somente, o déficit nominal foi de R$ 106,561 bilhões
São Paulo – O déficit nominal do Brasil, que inclui despesas com o pagamento da dívida pública, foi a 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB) nos 12 meses encerrados em agosto, de acordo com dados divulgados na sexta-feira (29) pelo Banco Central.
Esse é o pior desempenho desde maio de 2021, quando alcançou 8,8% do PIB. Em agosto somente, o déficit nominal foi de R$ 106,561 bilhões.
Em agosto, os gastos do governo com juros mais do que dobraram em comparação com o ano anterior, totalizando R$ 83,7 bilhões.
Contribuíram para essa alta, de acordo com o BC, uma perda de R$ 10,5 bilhões com operações de swap cambial, além do aumento da inflação.
Os dados do BC mostram ainda que a dívida bruta do Brasil registrou alta em agosto, quando o setor público consolidado brasileiro apresentou déficit primário.
A dívida pública bruta do País como proporção do PIB fechou agosto em 74,4%, contra 74% no mês anterior e expectativa em pesquisa da Reuters de 74,3%. Segundo o BC, contribuíram para essa evolução, em especial, os juros nominais apropriados (aumento de 0,7 p.p.) e o efeito da variação do PIB nominal (redução de 0,4 p.p.).
Já a dívida líquida foi a 59,9%, de 59,5% e em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters. O BC informou que essa elevação refletiu sobretudo os impactos dos juros nominais apropriados (aumento de 0,8 p.p.), do déficit primário (aumento de 0,2 p.p.), da desvalorização cambial de 3,8% no mês (redução de 0,4 p.p.) e do efeito da variação do PIB nominal (redução de 0,3 p.p.).
Em agosto, o setor público consolidado registrou um déficit primário de R$ 22,83 bilhões, contra expectativa de economistas consultados em pesquisa da Reuters de um saldo negativo de R$ 25,8 bilhões.
O desempenho mostra que o governo central teve saldo negativo de R$ 26,182 bilhões, enquanto estados e municípios registraram superávit primário de R$ 2,485 bilhões e as estatais tiveram resultado positivo de R$ 866 milhões, mostraram os dados do Banco Central.
Campo de Marte
Ao detalhar o resultado das contas por esfera de governo, o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, lembrou que, em agosto de 2022, o Tesouro Nacional pagou R$ 23,9 bilhões referentes ao acordo que extinguiu a dívida de cerca de R$ 24 bilhões da prefeitura de São Paulo com a União.
Em troca, o município encerrou a ação judicial que questionava o controle do aeroporto do Campo de Marte, na capital paulista, que fica sob o domínio do governo federal.
Segundo Rocha, esse montante impacta os resultados isolados do governo central e dos governos municipais, mas quando se olha o setor público consolidado, ele é neutro, já que entra como despesa para um ente e como receita para o outro.
As empresas estatais federais, estaduais e municipais – excluídas as dos grupos Petrobras e Eletrobras – tiveram superávit primário de R$ 866 milhões no mês passado, contra superávit de R$ 970 milhões em agosto de 2022. (Agência Brasil/Reuters)
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