Jornada: encontro de gerações no mercado de trabalho contribui para o desenvolvimento
A troca de experiência entre gerações no ambiente corporativo está cada vez mais comum. São pessoas nascidas em épocas diferentes, com variadas visões de mundo e formas de encarar o trabalho.
É a primeira vez que quatro gerações estão dividindo espaço no mercado.
Samantha Boehs, especialista em comportamento no ambiente de trabalho, explica que, para existir harmonia entre equipes, é preciso entender o perfil de cada faixa etária.
“É rico ter pessoas de diferentes gerações. É esse olhar que a gente tem que ter e não na lógica de que um está contra o outro. Hoje a gente sabe que, quanto mais heterogêneo o ambiente de trabalho, mais produtividade para a empresa, mais resultado”, avalia.
A mistura entre gerações é resultado de um fenômeno mundial: as pessoas estão trabalhando por mais tempo – e as explicações passam pelo aumento da expectativa de vida e por mudanças na previdência, que faz com que elas se aposentem mais tarde.
Além disso, no Brasil, há uma tendência de queda da proporção da população com menos de 30 anos.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a população com menos de 30 anos correspondia a 49,9% dos brasileiros em 2012. Em 2021, a taxa caiu para 43,9%.
Perfil de cada faixa etária
A geração Z é a mais jovem e inclui pessoas de até 27 anos nascidas de 1996 a 2010.
A coordenadora de Empregabilidade da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Luciana Mariano, explica que o grupo tem o perfil de já buscar cargos de confiança ou de gerência. De acordo com ela, a evolução tecnológica contribuiu para essa rapidez e imediatismo.
“Antes a gente precisava fazer uma pesquisa, a gente tinha que ir à biblioteca. Hoje eles têm tudo na mão, no celular. Eles não entendem que tem que galgar ainda, ter experiência, adquirir confiabilidade, ter credibilidade. Não é só ter o diploma”, pondera.
A coordenadora do Setor de Estágios do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Ana Paula Urbano Cintra, diz que a geração Z, a partir do momento em que percebe que não evolui em um emprego, busca outras oportunidades.
Os nascidos de 1981 a 1995, conhecidos como “Millenials”, são a geração Y. O grupo é composto por quem hoje tem de 28 a 42 anos. Essa geração, segundo pesquisas, deve ser a maioria do mercado até 2030.
As gerações Y e Z possuem um conhecimento em tecnologia muito avançado, com facilidade e capacidade de apender coisas novas, que, segundo a especialista, as gerações mais antigas não costumam ter.
No trabalho, as gerações precisam trabalhar e conviver bem com essa diferença. Samantha Boehs diz que as áreas de gestão de pessoas, gerentes e gestores precisam administrar isso da melhor forma.
A especialista em comportamento no ambiente de trabalho acrescenta que a mistura de gerações também serve para conhecer o consumidor, permitindo à empresa enxergá-lo e entendê-lo de forma mais completa.
A geração X é a dos nascidos de 1965 a 1980 com idade entre 43 e 58 anos.
A geração Baby Boomer tem pessoas nascidas de 1946 a 1964, os que estão há mais tempo no mercado de trabalho, muitos se aposentando ou a caminho da aposentadoria.
O gerente executivo de Tecnologia, Inovação e Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Fabrício Lopes, afirma que as empresas precisam entender a mudança de contexto e reduzir a rejeição a pessoas mais velhas.
“Quando você mistura no mesmo ambiente jovens saindo da universidade, com 24, 23 anos, com pessoas com mais de 60, você cria multi skills e isso gera inovação. Então, as empresas que estão conectadas no futuro já estão misturando essas pessoas”, completa.
Percebendo essas mudanças no mercado, a diretora de Fomento e Renda da Secretaria de do Trabalho, Qualificação e Renda (Setr), Adriana Kampa, explica que o órgão tem feito mutirões com vagas específicas para quem tem mais de 50 anos.
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