No futuro, comparada à Faria Lima e à nova Rebouças, mas, enquanto a terra ainda é revirada, chamada até mesmo de decadente. A Avenida Santo Amaro — caminho que existe na cidade desde tempos pré-coloniais — liga bairros da Zona Sul ao centro expandido da capital paulista e assiste a parte de sua paisagem se transformar radicalmente nos últimos meses. Em 2022, a prefeitura iniciou uma obra de requalificação que promete mudar para melhor a cara da avenida. A primeira parte da mudança, ao custo de 77,5 milhões de reais, deve ser entregue em abril de 2024 (o restante, no segundo semestre). O projeto visa 2,7 dos quase 8 quilômetros da via, entre as avenidas Juscelino Kubitschek e Bandeirantes, passando por alguns dos metros quadrados mais caros da cidade, como Moema e Itaim Bibi. “Esse pedaço estava superdecadente. A Santo Amaro está em uma transição para ser mais nobre”, opina o arquiteto Greg Bousquet, 50, sócio-fundador do Architects Office.
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Mas o que vai mudar, na prática? “A avenida é antiga, com calçadas apertadas e muitos postes no caminho. Teremos mais acessibilidade”, diz Marco Alessio Antunes, 47, diretor de obras da SP Obras, braço da prefeitura responsável pelo projeto. O plantio de 980 árvores deve contribuir para o embelezamento do pedaço, praticamente sem verde. As calçadas, que hoje variam de 1,6 a 2 metros de largura — ou menos ainda na prática, considerando que é preciso desviar dos postes —, passarão a ter de 3 a até 5 metros de largura. A quebradeira necessária para o enterramento do emaranhado de fios é a primeira etapa da obra: 10,8 quilômetros de cabos de energia, telefone e internet serão levados para baixo da terra, com 240 postes sumindo do caminho. Também no subterrâneo, tubulações de 1,8 metro de diâmetro vão modernizar o escoamento de água do pedaço, que é uma área de passagem de córregos que saem do Parque Ibirapuera e deságuam no Rio Pinheiros. E 486 novos postes vão iluminar a via com lâmpadas de LED.
A expectativa de mudança motiva investimentos no pedaço. “O projeto requalifica o espaço urbano como um todo e um dos efeitos é reforçar os fluxos comerciais da região”, analisa o arquiteto e professor da Faap Sergio Sandler, 66. “Uma transformação como essa valoriza os terrenos, o que faz com que as incorporadoras corram atrás da área”, diz o arquiteto Bousquet, do escritório que elaborou dois projetos residenciais de luxo em quadras vizinhas à reforma: um retrofit na Avenida Hélio Pellegrino e um novo em folha na Rua Tenente Negrão, a serem entregues até 2026.
“Não enxergávamos sentido em fazer um projeto do tipo triple A em uma avenida que tinha ficado para trás”, diz Andrea Coelho, 49, diretora-executiva de incorporações do Grupo Marquise, que vai entregar na Santo Amaro em 2025 um edifício corporativo com cerca de 3 000 metros quadrados de área locável e comércios no térreo, a chamada fachada ativa. “O prédio será inaugurado depois da reforma. O projeto da prefeitura foi um fator decisivo para o investimento. Perdemos uma área do nosso terreno para o alargamento da calçada, mas vimos com bons olhos as mudanças, no estilo Faria Lima”, explica Andrea.
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Na esquina da Santo Amaro com a Juscelino Kubitschek, outra aposta. É um misto de hotel, com 187 quartos, residencial, reunindo 51 apartamentos, corporativo, com oferta de vinte escritórios e mais doze lojas no térreo. Serão duas torres, sendo a mais alta com 24 andares e a mais baixa, 22 pavimentos, que ocupam um terreno de 6 500 metros quadrados, a serem inauguradas em 2024. “A mudança na Santo Amaro é como o caso da Rebouças, que antes era uma área perdida”, diz Dario Abreu Pereira, 57, sócio diretor da SDI Desenvolvimento Imobiliário, uma das responsáveis pelo negócio.
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