Os ganhos de um empreendedor com o seu negócio dependem de muitas variáveis. Segundo uma pesquisa recente do Sebrae, 68% dos 29 milhões de donos de negócios no país têm um rendimento de até dois salários-mínimos. O relatório mostra também que o rendimento aumenta à medida que o empreendedor se qualifica.
A remuneração do dono e dos sócios de uma empresa é chamada de pró-labore e, ao contrário do que muitos pensam, não depende apenas do lucro obtido pelo negócio. Um artigo publicado pela Inc. lista três dicas que podem ajudar um empreendedor a definir o seu salário. Confira.
1. Considere o estágio da sua empresa
Quando você começar a pensar em salários, inclusive no seu, considere primeiro quanto dinheiro foi investido na sua empresa e quanta receita ela está gerando. É o que recomenda Angela Lee, professora na Columbia Business School e fundadora da rede de investimentos 37 Angels.
Caso a sua empresa ainda esteja no início, mantenha baixas as expectativas salariais. É comum que muitos fundadores de novas empresas, sobretudo as startups, não recebam nada no início. “Como digo aos meus alunos: se vocês querem um salário de mercado logo após a formatura, é melhor procurar um emprego, porque o empreendedorismo traz recompensas no futuro”, afirma Andrew Zacharakis, professor de empreendedorismo no Babson College.
Assim que o dinheiro começar a entrar, os fundadores podem migrar para um salário de mercado, especialmente quando estiverem perto de uma aquisição ou de um IPO (abertura de capital), diz Zacharakis. Mas, lembre-se: a partir do momento em que você passa a ter investidores e sócios, os termos de compromisso entram em jogo, o que dá a eles o poder de vetar alterações de remuneração.
“Se a empresa estiver indo bem, será relativamente fácil conversar com o conselho para aumentar seu salário até o nível de mercado”, diz o professor. “Mas se a empresa está passando por dificuldades – por exemplo, se você não está atingindo marcos importantes ou está queimando muito dinheiro – é improvável que tenha um grande salário.”
2. Equilíbrio entre o fiscal e o pessoal
Para que uma empresa tenha sucesso, tanto as necessidades do negócio quanto as do fundador devem ser satisfeitas – e encontrar esse equilíbrio é fundamental, diz Zacharakis. “É uma troca entre o que você paga a si mesmo, o que você paga à sua equipe da alta administração (C-Level) e o que você oferece como incentivo a estes executivos”, diz.
Em primeiro lugar, você precisa garantir que não está gastando demais com salários e prejudicando o crescimento do negócio. E, ao mesmo tempo, você precisa pagar o suficiente para sustentar o que poderia ser um processo de anos para fazer uma empresa decolar.
“As pessoas costumam dizer: ‘Posso aguentar isso por três meses’. Mas, provavelmente, serão alguns anos de aperto de cintos”, acrescenta ela. Muitos fundadores de empresas ainda têm um emprego em tempo integral quando lançam a sua startup, segundo Lee. Mesmo com esta rede de segurança, os fundadores devem se comprometer a pagar a si próprios um salário mínimo, sem se sentir culpados por isso.
No geral, os empreendedores devem evitar os perigos de se pagarem drasticamente a menos. Afinal, conforme aconselha um relatório da plataforma de contabilidade e impostos Pilot: “Se o seu salário for muito baixo, você gastará muito tempo e energia se estressando em como pagar o aluguel ou como cobrir os custos da escolha dos seus filhos – e todo esse estresse o distrairá do sucesso do seu negócio.”
3. Não fique atordoado com os cifrões
Encontrar o equilíbrio pode ser complicado, mas os empreendedores devem tentar ser realistas sobre o que realmente precisam. “Conseguir investimentos para a empresa não é um caminho para pagar a si mesmo um enorme salário por ano. Trata-se de encontrar esse ponto ideal”, aconselha Lee.
Um caminho para verificar se você está dentro da realidade é olhar para colegas na mesma situação que você. “Isso vale para qualquer negociação salarial, mesmo que seja consigo mesmo. É preciso conhecer o mercado”, diz Lee.
Mas também não se esqueça de dar uma boa olhada nas posições abaixo de você, conforme aponta Kim Scott, ex-coach de CEOs e autor do livro de liderança “Radical Candor”. A distância entre funcionários e donos de empresas pode ser exorbitante. Em algumas das maiores empresas dos Estados Unidos, os CEOs ganham 399 vezes mais do que um trabalhador típico, de acordo com uma pesquisa do Economic Policy Institute.
Por isso, os fundadores devem garantir que estão oferecendo salários razoáveis que incentivem os melhores resultados de sua equipe – e não gerem ressentimento. Um bom teste é este: “Olhe-se no espelho e veja se você se sente bem com a diferença salarial. E se não se sentir bem, pague menos a si mesmo ou redistribua parte do patrimônio aos funcionários”, diz Scott.
Além disso, os fundadores podem criar um sistema de freios e contrapesos para garantir ainda mais justiça salarial, afirma Scott. Lembre-se que também pode ser muito válido contar com ajuda de outra pessoa para desenvolver seu plano de remuneração, seja com conselheiros ou consultores. “Não decida apenas por conta própria o quanto você deve ganhar”, diz Scott, “porque você pode acabar tomando uma decisão abaixo da ideal”.
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