A guerra entre Israel e Hamas acendeu um alerta para o Banco Central devido aos preços do petróleo e do dólar, segundo o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo.
Em reunião do Conselho Empresarial de Economia da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Galípolo destacou que a moeda norte-americana e a commodity eram dois riscos já mencionados pelo Copom (Comitê de Política Monetária).
Na visão de Galípolo, a posição do Brasil é bastante diferente agora em relação ao passado, porque o país passou a ser produtor.
“Passa a ser um alerta para a gente em função dos impactos nos preços domésticos dado o impacto que o preço do petróleo tem em uma série de insumos e bens que a gente consome aqui e com a correlação com o dólar.”
Vale lembrar que a guerra em Israel está levando a aumentos do preço do petróleo e a projeções de alta de inflação e juros nos Estados Unidos. Por volta das 17h, a commodity subia 4,16%, a US$ 88,10 o barril, impulsionando as ações de petroleiras na bolsa brasileira.
Apesar da pressão das commodities, o dólar comercial fechou o dia em queda de 0,62%, a R$ 5,13. Mas quais as chances de a crise internacional afetar o câmbio e frear o ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic)?
“Brasil tem posição privilegiada”
Segundo o diretor de Política Monetária do Banco Central, as reservas internacionais proporcionam uma posição privilegiada ao Brasil em relação aos pares emergentes.
Além da questão das reservas internacionais no montante de US$ 350 bilhões, que levou o País a ser um credor líquido internacional, outros pontos dão base para o otimismo.
Para Galípolo, o país está em combate contra um processo inflacionário e que está em um quadro “vantajoso ou privilegiado” ante os pares.
“O Brasil foi um dos primeiros a conseguir iniciar seu ciclo de corte de juros”, justificou o executivo. “O Brasil se enquadra nesse esforço de combate da última milha para poder reancorar completamente as expectativas e fazer a inflação voltar exatamente para o centro da meta.”
Galípolo reforçou que a equipe econômica tem compromisso com o reequilíbrio das contas públicas e que ainda existe espaço no diferencial de juros do Brasil, o que permitiria novos cortes na Selic.
O diretor do BC afirmou que o Copom está ciente de que os juros e o câmbio impactam as possibilidades de desenvolvimento do Brasil. “Queremos juros e câmbio estáveis e duradouros que possibilitem o desenvolvimento.”
O diretor de Política Monetária do Banco Central disse ainda que a mudança no cenário global restringiu alternativas ao investidor que olha para o mundo de economias emergentes.
“Muitas delas hoje se tornaram menos atrativas do que eram no passado”, comentou, durante a reunião do Conselho Empresarial de Economia da Firjan.
Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o conflito entre o Hamas e Israel torna necessário acelerar a agenda de trabalho doméstica para proteger a economia brasileira.
De acordo com o ministro, a agenda de trabalho estava definida até o final do ano, mas, com a crise no cenário externo, o “desafio é fazer a agenda interna avançar o mais rápido possível para proteger a economia”.
“Agora, tem um momento de preocupação externa. De novo, temos que votar e fazer as mudanças necessárias para proteger a economia brasileira.”
Segundo Haddad, ainda que o cenário externo seja desafiador, existe uma agenda econômica.
“Temos que aguardar porque as coisas são muito voláteis”, afirmou. “A pior coisa é tomar decisões precipitadas, vamos avaliar. O preço do petróleo estava em um momento melhor. Agora, com este episódio de conflito entre Hamas e Israel, vamos ver como se desdobra.”
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